Premiê da Escócia diz que referendo de independência em 2020 "é possível"

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, afirmou nesta sexta-feira que "é possível" realizar um referendo de independência neste ano, contanto que seja "legal e vinculante para que conte com o reconhecimento da comunidade internacional".

"É possível ter um referendo neste ano, e faremos tudo o que está ao nosso alcance", afirmou Sturgeon em discurso pronunciado em Edimburgo, no qual anunciou que o governo pretende usar a mesma pergunta feita em 2014, quando 55% da população rejeitou a separação do Reino Unido.

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Segundo a governante escocesa, o gabinete de governo conta com um "mandato democrático muito forte" e será insustentável para o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, continuar negando-se a negociar uma nova consulta popular.

Diante de uma sala lotada do museu Dynamic Earth, Sturgeon comentou que a saída do Reino Unido da União Europeia, que ocorrerá às 23h (hora local; 20h em Brasília) deste sábado, ocorrerá "contra o desejo da grande maioria das pessoas na Escócia", o que, segundo ela, dá legitimidade a outra convocação às urnas.

"O Brexit colocou a Escócia no caminho equivocado. Quando mais transitarmos por ele, mais tardaremos e mais difícil será voltar ao caminho correto. Precisamos voltar o quanto antes", declarou, ao dizer que o "único jeito" é conseguir um Estado próprio.

A líder do Partido Nacionalista Escocês ressaltou que não incentivará um referendo que não conte com a aprovação de Londres, e citou o caso da Catalunha como um exemplo "que não leva à independência".

"Eu descartei um referendo ilegal. Se alguém quiser isso de mim, não irá conseguir. A Catalunha é a prova de que se o processo não tem legitimidade e legalidade, não pode levar à independência", frisou.

Sturgeon disse reconhecer a frustração que alguns podem sentir dentro do movimento independentista devido à recusa do governo britânico, mas enfatizou que os esforços do independentismo não podem acabar, "mesmo que pareça difícil".

"Fingir que existem atalhos poderia facilitar a minha vida agora, mas o meu trabalho é liderar (o movimento) em direção a um caminho crível que possa nos levar à independência, e é isso que estou determinada a fazer", afirmou, sob aplausos.