Presidente do Kosovo renuncia após ser acusado de crimes de guerra
"Não me permitirei comparecer ao tribunal como presidente, e renuncio hoje para proteger a integridade do Estado", disse Thaçi, durante entrevista coletiva em Pristina, e divulgada pelo site do jornal local "Koha Ditore".
Thaçi anunciou que irá a Haia, sede do Tribunal Especial para o Kosovo (TEK), para se render voluntariamente e defender a sua inocência. No entanto, ele não anunciou quando viajará para Holanda.
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Ele pediu "cautela" a todas as forças políticas do Kosovo para não causar uma crise no país, "que não tem tempo a perder e deve manter a calma".
"Hoje, mais do que nunca, peço e encorajo vocês a não perderem a esperança. Conquistamos a liberdade e a independência e agora desenvolvemos o Estado", disse Thaçi.
Além disso, ele também garantiu que irá cooperar plenamente com a Justiça e mais uma vez reiterou sua inocência.
O TEK foi criado para julgar os responsáveis por crimes de guerra e contra a humanidade alegadamente cometidos por membros da ex-guerrilha do Exército de Libertação do Kosovo (ELK) entre 1998 e 2000, durante o conflito com as forças de segurança sérvias.
Kosovo declarou sua independência da Sérvia unilateralmente em 2008 e cerca de 100 países reconheceram sua soberania, incluindo os EUA e a maioria dos países da União Europeia.
O governo de Kosovo respondeu à acusação enfatizando acreditar "profundamente na justiça da luta do ELK pela liberdade" e que "ninguém pode julgar" tal comportamento.
Hoje também foi confirmada a acusação do TEK contra o líder do Partido Democrático do Kosovo (PDK), Kadri Veseli, ex-comandante da guerrilha albanesa do Kosovo.
Veseli também anunciou que viajará para Haia, possivelmente hoje.
A acusação contra Veseli e Thaçi foram anunciadas em julho pelo Ministério Público daquele tribunal, mas o juiz de instrução precisava decidir se confirmava as acusações.
O Ministério Público do TEK acusou-os de crimes de guerra e contra a humanidade por supostas torturas, perseguições e desaparecimentos forçados entre 1998 e 2000, assim como pelo assassinato de 100 pessoas.
O presidente do Parlamento, Vjosa Osmani, assumirá as funções de Hashim Thaçi, podendo ocupar a presidência por seis meses de forma interina, de acordo com a lei do país.
O mandato de Thaçi como presidente do país terminaria no próximo ano.