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Governo do Marrocos mantém silêncio após avalanche de imigrantes em Ceuta

18/05/2021 02h32

Tânger (Marrocos), 17 mai (EFE).- As autoridades do Marrocos mantêm silêncio em meio à chegada de aproximadamente 2,7 mil emigrantes a Ceuta, a nado ou a pé, desde a madrugada desta segunda-feira, um fenômeno nunca antes visto na cidade autônoma espanhola, cuja fronteira com o território marroquino está fechada desde março de 2020.

Consultados pela Agência Efe, os ministérios do Interior e das Relações Exteriores não se pronunciaram sobre as razões para a chegada de tantas pessoas, entre elas cerca de 700 menores de idade.

"É algo nunca antes visto, elas chegam de toda a região, de Fnideq, de M'diq, de Tétouan. E entram sem nenhum controle, tanto pela parte marroquina como pela espanhola", detalhou um jornalista local, explicando que as entradas ocorrem por dois pontos na fronteira de Ceuta: o do oeste (Beliunes) e o do sul (Fnideq).

O jornalista relatou que, ao anoitecer, e apesar do toque de recolher vigente em todo o país, "elas continuam chegando e atravessando a fronteira".

A maioria dessas pessoas são marroquinas, mas entre as comunidades de migrantes subsaarianos também correu o boato de que os marroquinos tinham deixado de vigiar as praias e a fronteira com Ceuta, o que também gerou uma grande movimentação entre eles, disseram fontes de organizações de ajuda aos emigrantes. Estas fontes explicaram que foi o estado do mar que impediu que o Estreito de Gibraltar ficasse lotado de barcos.

Representantes da delegação do governo espanhol em Ceuta afirmaram à Efe que esses dados evidenciam que essa foi uma das jornadas migratórias mais críticas e sem precedentes dos últimos anos na cidade.

Foi convocada para esta noite uma reunião emergencial do Centro de Coordenação (CECOR) na qual participarão representantes da delegação do governo e da administração de Ceuta para analisar a situação.

Já tinham sido registradas entradas a nado procedentes do país vizinho ao longo de 2021, a mais recente em 27 de abril, mas há 15 anos não ocorria uma chegada em massa em um só dia, e em meio à falta de vigilância costeira por parte das autoridades marroquinas, segundo constatou a Efe.

A ministra das Relações Exteriores, Arancha González Laya, afirmou nesta segunda-feira que não consta que o ocorrido possa ser uma medida de pressão do Marrocos devido à presença do líder da Frente Polisário (movimento a favor da autonomia do Saara Ocidental), Brahim Ghali, em um hospital espanhol.

"Não, não consta para nós", respondeu a ministra durante um evento da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI).