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Argentina celebra o mate, embaixador de sua identidade e cultura no mundo

01/12/2021 06h27

Buenos Aires, 30 nov (EFE).- Seja nas mãos de Lionel Messi e do papa Francisco ou de tantos outros cidadãos da Argentina populares ou anônimos que viajam pelo mundo, o mate é um dos grandes embaixadores da identidade do país, que neste 30 de novembro, como em todos os anos, presta homenagem a uma infusão que denota amizade e momentos compartilhados e que tem grandes propriedades para a saúde.

Desde 2015, e após aprovação por lei, a Argentina comemora o Dia Nacional do Mate em comemoração ao nascimento do líder de origem guarani Andrés Guacurarí y Artigas (1778-1821), conhecido como "Andresito", que governou a Província Grande das Missões e promoveu a produção e comercialização da erva-mate.

"O costume do mate permaneceu inalterado desde os tempos antigos e durante cinco séculos de história, se enraizando e espalhando por lugares distantes", disse à Agência Efe Juan José Szychowski, presidente do Instituto Nacional de Erva-Mate (INYM), a organização que está co-organizando o Mate Rock 2021, um festival musical que nesta terça-feira celebra a popular bebida em Posadas, capital da província de Misiones, no norte do país.

Embora a Argentina seja o principal produtor e exportador mundial deste produto, o mate também é muito popular em Uruguai, Paraguai, partes da Bolívia e do Chile e mesmo na Síria e no Líbano, como resultado dos fluxos migratórios. Além, é claro, do Brasil.

"COMPANHEIRO IDEAL".

Chama-se mate - palavra derivada do quíchua "mati", que significa abóbora - tanto o tipo de erva usada para fazer a infusão - que na Argentina é produzida e cultivada nas províncias de Misiones e Corrientes - como o recipiente em que a bebida é preparada.

Os detalhes da preparação muitas vezes dependem de cada pessoa, mas a maneira tradicional de preparar mate - há muitas variedades, como a cozida, a misturada com leite e o tereré, bebido frio - consiste em encher três quartos da cuia com erva-mate e misturá-la repetidamente, conforme é bebida, com água quente que é mantida em um recipiente térmico.

Para beber o mate, utiliza-se um canudo conhecido como bomba, que filtra a erva.

Na Argentina, o kit de mate não costuma faltar em casa ou no local de trabalho. E, em tempos de pandemia, excepcionalmente, não tem sido muito compartilhado, contrariando o costume.

De acordo com Szychowski, o mate é o produto "que mais representa os argentinos". Uma pesquisa encomendada pela INYM à Voices! Research & Consultancy revelou em 2016 que ele foi considerado o principal elemento identificador argentino por 38% dos consultados, superando a carne (37%), doce de leite (11%) e vinho (7%).

"Beber mate significa amizade, conversar, momentos compartilhados. Para os 'materos', é um companheiro ideal para o dia inteiro", comentou o presidente da INYM, uma organização criada pelo Congresso argentino em 2002.

Esta entidade, que busca promover a produção e o consumo de mate, destaca os benefícios à saúde dessa erva, como sua capacidade antioxidante e sua contribuição para a prevenção da obesidade e de doenças cardiovasculares, inflamatórias crônicas e neurodegenerativas.

LONGA HISTÓRIA.

Para os guaranis, a erva-mate é a árvore por excelência, um presente dos deuses. Ao chegarem, os conquistadores aprenderam seu uso e virtudes com esses nativos e espalharam o consumo pelo vice-reinado do Rio da Prata. Os jesuítas também introduziram seu cultivo nas reduções e contribuíram para sua difusão.

Agora, séculos depois, o mate é sem dúvida um emblema deste lado do mundo. Como conclui Szychowski, enquanto os argentinos bebem mate amargo ou doce com uma moagem mais grossa ou intermediária, os uruguaios bebem uma moagem mais fina, enquanto os paraguaios preferem erva composta com adições como menta, boldo e anis, entre outras. EFE