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Negociações climáticas da ONU correm risco com confronto entre China e EUA

Ativistas usam máscaras durante protesto em Lima - Enrique Castro- Mendivil/Reuters
Ativistas usam máscaras durante protesto em Lima Imagem: Enrique Castro- Mendivil/Reuters

Alister Doyle e Valerie Volcovici

13/12/2014 18h12

LIMA (Reuters) - As negociações da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas estão sob o risco de entrar em colapso depois que a China entrou em confronto neste sábado com os Estados Unidos e levou países emergentes a rejeitarem o esboço de um acordo.

Com as conversas já cumprindo horas extras por causa do impasse, uma vez que o encontro seria de 1 a 12 de dezembro, a China afirmou que o texto coloca muita pressão em cima dos países pobres para limitarem sua emissão de gases do efeito estufa em comparação com as nações ricas.

"Nós precisamos chegar a um consenso em Lima, mas, dada a situação atual, nós temos um impasse", disse o vice-chanceler Liu Zhenmin aos delegados de 190 nações, que buscam um acordo em relação aos fundamentos do acordo climático da ONU que será concluído em Paris, em um ano.

O representante dos Estados Unidos, Todd Stern, incitou a todos a aceitarem o texto de compromisso, afirmando que o fracasso em Lima seria visto como um "grande colapso", que ameaçaria o acordo final em Paris e a credibilidade do sistema da ONU para tratar da mudança climática.

"Nós não temos tempo para negociações mais prolongadas, e eu acho que todos sabem disso", disse ele. "Nosso tempo está acabando."

O embate entre os dois maiores emissores de gases mostra que o acordo conjunto anunciado pelo presidente norte-americano Barack Obama e o presidente chinês Xi Jinping, no mês passado, para combater a mudança climática não se traduziu em uma nova e comum abordagem.

A União Europeia, Rússia e outros países desenvolvidos disseram que eles poderiam aceitar um texto enfraquecido que definisse as medidas a serem tomadas por todas as nações antes do encontro em Paris, em dezembro de 2015.

Muitos países em desenvolvimento afirmaram que o texto fazia pouco para obrigar que as nações ricas levantassem prometidos 100 bilhões de dólares até 2020 ou que ajudassem a estipular mecanismos para compensar perdas ou danos causados por tempestades, inundações ou aumento do nível do mar.

Mesmo que o encontro de Lima tenha sucesso, ele deixará as questões mais controversas para 2015 e a reunião de Paris, cuja ideia é que alcance um acordo global para ajudar a evitar mais enchentes, ondas de calor, secas e elevação do nível dos mares.