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Chapecoense prepara velório com torcida próxima e prevê 100 mil na Arena Condá

30/11/2016 20h03

Por Brad Haynes

CHAPECÓ (Reuters) - A Chapecoense está preparando um velório coletivo em seu estádio para que os torcedores possam ficar o mais perto possível na despedida de seus ídolos e prevê que cerca de 100 mil pessoas passem pela Arena Condá.

Representantes do clube, da polícia e do Corpo de Bombeiros realizaram nesta quarta-feira um simulado para o transporte dos corpos de vítimas do acidente aéreo que matou jogadores e integrantes da delegação da Chapecoense na Colômbia.

O avião que transportava o time catarinense para a final da Copa Sul-Americana caiu perto de Medellín na noite de segunda-feira, matando 71 das 77 pessoas a bordo. Entre os sobreviventes estão os jogadores Alan Ruschel, Neto e Jakson Follmann, todos internados na Colômbia, sendo que o último está em situação mais grave. [nL1N1DV24S]

Ainda não há uma data para a realização do velório, já que teve início nesta quarta a identificação dos corpos na Colômbia.

Segundo o simulado feito pelas autoridades, os corpos serão transportados de caminhões do aeroporto para a Arena Condá, onde haverá o velório dos jogadores, membros da comissão técnica, dirigentes, jornalistas mortos na tragédia.

"Estamos organizando para que haja um roteiro no qual os torcedores vão poder passar em frente às urnas dos jogadores, dos dirigentes e dos jornalistas que aqui serão velados. Eles entrarão no campo e poderão se aproximar para a despedida", disse o coronel Vitório, da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, em entrevista coletiva.

A ideia da diretoria da Chapecoense é que mesmo as vítimas que não são de Chapecó sejam veladas por ao menos algum período na Arena Condá.

"Vai ser o velório de algumas horas aqui. Torcedores e pessoas da região desejam se despedir e aí esses corpos serão liberados para serem transferidos para seus locais", disse o dirigente do clube Gelson Dalla Costa.

"Nós chegamos a pensar que 100 mil torcedores deverão passar aqui no dia do velório", acrescentou.

PEDIDO DE AJUDA

O presidente em exercício do clube catarinense, Ivan Tozzo, pediu ajuda de clubes para reerguer o time que vivia seu melhor momento e teve uma ascensão meteórica ao passar da Série D para a elite do futebol brasileiro em seis anos.

“Nosso clube recebe um dos menores orçamentos do Brasil em termos de dinheiro da Globo. Vamos precisar de muito apoio dos clubes, da Rede Globo (detendora de direitos comerciais do futebol no país), da CBF, para reerguer o nosso time, porque perdemos tudo o que tínhamos de valores, vamos começar tudo do zero", afirmou, acrescentando, no entanto, que o clube tem uma boa organização.

    "Nosso clube está bem estruturado, nós nunca gastamos mais do que recebemos. Não fizemos nada de diferente, somos uma família bem organizada."

Na terça-feira, alguns clubes brasileiros ofereceram ceder jogadores sem custo à Chapecoense e disseram que vão solicitar à CBF a permanência do time na Série A do Campeonato Brasileiro por três anos.

Para a última rodada do Brasileirão, contra o Atlético Mineiro, no dia 11, Tozzo disse ter recebido do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, a sugestão de que jogue com um time das categorias de base e que faça uma homenagem às vítimas.

A Chapecoense já está recebendo apoio de torcedores rivais. O número de sócios subiu cerca de 13 mil em apenas um dia, sendo que o clube tinha 9 mil sócios.

O acidente com o avião da Lamia levantou questões sobre o motivo da escolha pela empresa boliviana. A diretoria do clube disse que não teve indicação da CBF ou da Conmebol e que a companhia tinha tradição em transportar times de futebol.

"Nós tivemos vários times da América Latina que foram transportados por ela com successo: a própria seleção boliviana, a seleção argentina, outros clubes", declarou o dirigente Luiz Antônio Palaoro.

(Com reportagem adicional de Tatiana Ramil, em São Paulo)