Em velório, Lula diz que vai provar inocência de Marisa e que não teme ser preso
SÃO PAULO (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, durante cerimônia de velório de sua esposa Marisa Letícia, que a ex-primeira dama "morreu triste" devido a "canalhices" cometidas contra ela e que pretende viver para provar sua inocência, em meio a acusações contra ambos decorrentes da operação Lava Jato.
O corpo de Marisa Letícia foi velado neste sábado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), onde conheceu Lula em 1973. A cerimônia reuniu familiares e populares, além de políticos, como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e diversas outras autoridades.
"Acho que ainda vou viver muito, porque quero provar para os fasícnoras...que eles tenham um dia a humildade de pedir desculpas a essa mulher", afirmou Lula, emocionado, ao final da cerimônia.
Marisa Letícia era ré junto com Lula em processos na Justiça Federal no Paraná ligados à operação Lava Jato, que apura um enorme escândalo de corrupção no Brasil. Eles foram acusados de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, entre outras irregularidades.
"Se alguém tem medo nesse país, se alguém praticou corrupção nesse país, se alguém tem medo de ser preso, esse alguém que está enterrando sua mulher hoje não tem", afirmou Lula, sob aplausos de militantes e admiradores.
"Tenho a consciência tranquila, tenho certeza da consciência e do trabalho da milha mulher, e não sou eu que tenho que provar que sou inocente, eles é que precisam provar que as mentiras que estão contando são verdade", afirmou.
Antes, o presidente recebeu recebeu gestos de solidariedade de diversos políticos e do público na sede do sindicato, onde houve fila de pessoas para cumprimentá-lo e prestar condolências.
Entre as autoridades que passaram pelo velório, estavam o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), os ex-ministros do governo Lula, Luiz Marinho, Gilberto Carvalho e Miguel Rosseto, e o vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT).
Centenas de sindicalistas e militantes do PT, muitos deles com bandeiras, também foram à cerimônia.
A ex-primeira-dama morreu na sexta-feira aos 66 anos, no Hospital Sírio-Libanês, onde estava internada desde 24 de janeiro depois de sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico por conta da ruptura de um aneurisma.
Marisa, cujo caixão foi coberto por uma bandeira do Brasil e outra do PT, recebeu uma última homenagem de Lula na forma de uma coroa de flores.
"Minha galega, agora o céu ganha a estrela que iluminou a minha vida. Lula", escreveu o ex-presidente.
O presidente Michel Temer, que visitou Lula na quinta-feira, quando Marisa Letícia já havia sido diagnosticada com morte cerebral, decretou luto oficial de três dias devido ao falecimento da ex-primeira dama.
Lula e Marisa, que eram ambos viúvos quando se conheceram, casaram no civil em maio de 1974. Eles tiveram três filhos, e um filho do primeiro casamento de Marisa foi oficialmente adotado por Lula aos 10 anos.
Marisa, que também tinha cidadania italiana e era chamada carinhosamente por Lula de "galega", acompanhou o marido em toda a sua trajetória política, desde as greves no final da década de 1970, passando por uma prisão em 1980 e pela fundação do PT, além das campanhas eleitorais. Ela foi responsável por confeccionar a primeira bandeira do PT.
(Por Luciano Costa)
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