Lucro da Vale sobe quase 4 vezes; empresa projeta aumento de produção em 2018
Por Marta Nogueira e Roberto Samora
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Vale teve lucro líquido no terceiro trimestre quase quatro vezes superior ao registrado no mesmo período de 2016, devido a melhorias na realização de preços de minério de ferro, e prevê elevar a produção da commodity em 2018, com expectativa de mercado firme.
O lucro líquido entre julho e setembro foi de 7,14 bilhões de reais no terceiro trimestre, ou 2,23 bilhões de dólares, levemente abaixo do consenso de estimativas compiladas pela Thomson Reuters, de 2,439 bilhões de dólares.
O desempenho da mineradora só não foi melhor no terceiro trimestre porque os preços de minério de ferro se enfraqueceram ao final do período, segundo afirmou o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, em teleconferência com analistas.
Para o quarto trimestre, o executivo prevê um bom resultado, apesar da sazonalidade, tendo em vista os esforços da empresa para reduzir custos e alavancar retornos. A previsão, segundo ele, foi feita considerando o cenário de preços atual.
"Obviamente o quarto trimestre é um trimestre sazonalmente mais fraco do que o terceiro, principalmente em termos de preço. No entanto, posso assegurar aos senhores que a nossa expectativa, nestas condições, é apresentar resultados na média auferida pela Vale até este momento no ano", disse Schvartsman.
Os três últimos meses do ano deverão ter ainda a ajuda dos recursos de Project Finance do corredor logístico de Nacala, em Moçambique, de mais de 2 bilhões de dólares, que permitirão à companhia atingir em 2017 dívida líquida entre 15 bilhões e 17 bilhões de dólares, ante os 21,07 bilhões de dólares atuais.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou 13,25 bilhões de reais, no terceiro trimestre, alta de 37,5 por cento ante o mesmo trimestre do ano passado, com aumento nas vendas de minério de ferro, principal produto da companhia.
A comercialização de minério de ferro (finos) da companhia, maior produtora global da commodity, atingiu 76,4 milhões de toneladas, ante 74,2 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado, com vendas a preços mais altos.
O preço de referência de finos de minério de ferro fechou o terceiro trimestre em 76,10 dólares por tonelada, alta de quase 30 por cento na comparação anual.
Assim, a Vale registrou receita operacional líquida de 28,6 bilhões de reais no terceiro trimestre, alta de 31 por cento na comparação anual.
Em relatório, o BTG Pactual destacou que a Vale está melhorando os resultados, mas observou que eles vieram levemente abaixo das expectativas da instituição, que, admitiu o banco, "estavam altas".
O Ebitda em dólares foi de 4,192 bilhões, 9 por cento abaixo do esperado pelo BTG e entre 3,5 por cento e 4 por cento abaixo do consenso de analistas.
"Atribuímos isso a uma série de fatores: embarques de minério de ferro ligeiramente inferiores (-8 por cento abaixo), baixas realizações de preços de pelotas (-8%), menor Ebitda de metais básicos (-20 por cento com desempenho decepcionante no níquel) e menor Ebitda de carvão...", analisou o BTG.
A ação ordinária da Vale operava em baixa de quase 2 por cento, por volta das 16:30, enquanto Ibovespa caía 0,6 por cento.
PLANOS FUTUROS
Os preços do minério de ferro devem ficar acima dos 65 dólares por tonelada no próximo ano, quando a empresa prevê produzir um total de 390 milhões de toneladas, na avaliação do diretor-executivo de Minerais Ferrosos e Carvão, Peter Poppinga.
O volume será um avanço ante a estimativa de produção para este ano, que deverá ficar próxima ao limite inferior da faixa projetada de 360 milhões a 380 milhões de toneladas.
"A gente tem dito frequentemente que nosso 'base case' não será ainda em 2018, mas vai ser em 2019, de a gente chegar em 400 milhões de toneladas. Portanto, 2018 deve beirar os 390 (milhões de toneladas)", disse Poppinga, destacando que grande parte da oferta nova da commodity no mundo será da Vale.
Na parte da oferta de minério no mercado transoceânico, Poppinga afirmou que há um decréscimo dos volumes novos conforme os anos estão passando. Segundo ele, em 2018, é esperada uma oferta nova de 50 milhões de toneladas, ante 115 milhões em 2016, por exemplo.
Para o presidente Schvartsman, esta é uma nova fase para a Vale em termos de eficiência, sustentabilidade e governança corporativa.
"Agora podemos ir para o segmento de listagem do Novo Mercado bem antes dos nossos planos originais com o apoio de todos os nossos acionistas. Estamos prontos para transformar a Vale em uma verdadeira corporação", completou.
A partir de 22 de dezembro, a empresa já estará listada no Novo Mercado, o mais alto nível de governança da B3.
(Com reportagem adicional de Alexandra Alper; Edição de Luciano Costa)
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