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Catalães vão às urnas em eleição decisiva para futuro de campanha pela independência

21/12/2017 09h15

Por Inmaculada Sanz e Sonya Dowsett

BARCELONA/MADRI (Reuters) - Os catalães começaram a votar nesta quinta-feira em eleições atípicas marcadas por processos judiciais contra o governo independentista destituído da região, e das quais sairá um Parlamento sem maioria e com dificuldades para eleger um líder, segundo pesquisas.

Convocadas pelo primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, depois de uma intervenção histórica na região, as eleições podem ser um teste para o movimento separatista depois da declaração unilateral de independência de outubro, que provocou a maior crise institucional em décadas no país.As pesquisas preveem dificuldades para renovar a maioria secessionista na qual os dirigentes catalães se apoiaram nos últimos dois anos para avançar com seu itinerário rumo à independência, mesmo não contando com a aprovação de Madri.Já antes da abertura das zonas eleitorais às 9h, dezenas de cidadãos faziam fila em alguns locais para depositar seu voto em um dia útil, e a previsão é de um comparecimento recorde."Não estou muito otimista de que um governo estável saia destas eleições", disse Miguel Rodríguez, um médico de 53 anos que também votou no referendo de independência de 1º de outubro, declarado ilegal pela Justiça espanhola.Apesar dos indícios de que será a mais votada, a legenda independentista ERC disputará o primeiro lugar com o partido Ciudadanos, que ganhou terreno nas pesquisas com sua defesa de uma Catalunha integrada à Espanha e que poderia ser beneficiado pela participação elevada, que se espera passar de 80 por cento.Se os partidos independentistas conseguirem a maioria dos votos, o governo de Rajoy se verá obrigado a oferecer uma via de negociação para acalmar as ânsias separatistas e facilitar o rompimento de uma situação que pode prejudicar o país como um todo."Independentemente do resultado, é provável que o conflito diminua em intensidade e que não se busque uma segunda declaração unilateral de independência", mostrou uma análise da empresa DBRS desta semana.Os partidos pró-secessão, que há dois anos elegeram 72 deputados de uma câmara de 175, devem ficar com 67 cadeiras, uma aquém da maioria absoluta, segundo divulgou no início do mês a CIS, a sondagem mais abrangente de todas as realizadas.A campanha repleta de enfrentamentos foi marcada pela intervenção de Madri na rica região mediterrânea e pelos processos judiciais contra os dirigentes secessionistas, investigados por sedição e rebelião.