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Ativista foge da Tailândia após ser acusada de difamar monarquia em rede social

A ativista Chanoknan Ruamsap compartilhou artigo visto como ofensivo à monarquia - Reprodução/Facebook
A ativista Chanoknan Ruamsap compartilhou artigo visto como ofensivo à monarquia Imagem: Reprodução/Facebook

Por Patpicha Tanakasempipat

28/01/2018 14h53

BANGKOK (Reuters) - Uma ativista pró-democracia da Tailândia disse neste domingo (28) que fugiu do país após saber que seria processada por difamar a monarquia depois de compartilhar no Facebook um artigo de 2016 da BBC que foi visto como ofensivo ao rei tailandês.

Em sua conta no Facebook, Chanoknan Ruamsap disse neste domingo que recebeu mais cedo neste mês uma convocação para ser ouvida sob acusação de desrespeitar a monarquia por postar um perfil do rei publicado no serviço em tailandês da BBC que foi considerado ofensivo.

A agência de notícias Reuters não conseguiu contato imediato com autoridades tailandesas ou com a BBC para comentários.

"Parece que fui acusada...por compartilhar o artigo da BBC em dezembro de 2016", disse Chanoknan.

"Eu tive menos de 30 minutos para decidir se ficaria ou sairia. Foi uma decisão difícil, porque dessa vez eu não teria como voltar", adicionou.

O artigo da BBC foi publicado logo após a ascensão ao trono do rei Maha Vajiralongkorn, em dezembro de 2016, em seguida à morte de seu pai, o rei Bhumibol Adulyadej, que faleceu em outubro daquele ano, aos 88 anos.

Legislação dura

A Tailândia possui a mais dura legislação do mundo contra ofensas à monarquia, conhecida como "artigo 112". A lei define uma sentença de até 15 anos de prisão para cada ofensa cometida contra a realeza.

Um outro ativista, Jatupat Boonpattararaksa, que participou de diversos protestos contra a junta militar do país, foi preso em 2016 e condenado no ano passado a dois anos e meio na cadeia após postar o mesmo artigo da BBC.

Condenações sob a lei de difamação real e uma lei contra crimes virtuais aumentaram fortemente desde que uma junta militar tomou o poder em um golpe de Estado em 2014.

Desde então, ao menos 94 pessoas foram processadas por crimes de lesa-majestade. Dessas, 43 já foram julgadas, disse mais cedo neste mês o grupo iLaw, que monitora casos de insultos à realeza.

O primeiro-ministro Prayuth Chan-ocha, que lidera a junta, tem repetidamente prometido acabar com críticas à monarquia. Ele também pediu uma atuação mais forte nos casos de lesa-majestade desde o golpe.

Críticos da junta dizem que a lei tem sido utilizada para silenciar opositores, enquanto grupos internacionais de direitos humanos e diplomatas ocidentais em Bangkok têm criticado as pesadas sentenças tailandesas para os crimes de lesa-majestade.