Prisão de Puigdemont mergulha movimento de independência da Catalunha em crise
Um tribunal da Alemanha comunicou nesta segunda-feira (26) que provavelmente levará vários dias para decidir se extradita o ex-presidente catalão Carles Puigdemont à Espanha, onde ele enfrentará acusações de rebelião derivadas da campanha independentista da região.
Apesar de uma noite de protestos em toda a Catalunha, nos quais dezenas de pessoas se feriram em confrontos com a polícia, a prisão de Puigdemont no domingo (25) no norte alemão deixa o movimento de independência mais fraco agora do que em anos anteriores. Atualmente quase toda sua liderança está ou presa e esperando julgamento ou no exílio.
Puigdemont, que fugiu da Espanha cinco meses atrás rumo à Bélgica depois que o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, revogou seu governo regional e impôs o controle direto de Madri, enfrenta acusações de rebelião que podem redundar em 25 anos de prisão.
Na noite de domingo, uma manifestação de dezenas de milhares de catalães realizada em Barcelona contra a prisão de Puigdemont degenerou em atritos com a polícia.
Batalhões de choque golpearam manifestantes munidos de bandeiras com bastões diante da sede do governo central, deixando vários deles ensanguentados.
Cerca de 100 pessoas ficaram feridas em toda a região, incluindo 23 membros da força policial Mossos d'Escuadra, e nove pessoas foram presas, disseram as autoridades.
Os protestos vieram na esteira de um veredicto da Suprema Corte espanhola, que na sexta-feira (23) decidiu que 25 líderes catalães, incluindo Puigdemont, serão julgados por rebelião, desfalque ou desobediência do Estado, imputações relacionadas a um referendo realizado na Catalunha em outubro que pedia a separação da Espanha.
O governo de Madri considerou a consulta, amplamente boicotada por opositores da secessão, ilegal e adotou o controle direto da rica região do nordeste após uma declaração de independência simbólica feita pelo Parlamento catalão.
Na sexta-feira a corte também reativou mandados internacionais de prisão de quatro outros políticos que se exilaram no ano passado. Puigdemont e colegas separatistas negaram qualquer delito.
Puigdemont compareceu nesta segunda-feira perante um tribunal regional da cidade alemã de Neumuenster, que prorrogou sua detenção à espera de uma decisão sobre sua extradição.
A crise prolongada tem afetado a economia catalã e causou uma fuga de empresas, mas a agência de avaliação de risco Standard & Poor elevou a nota da Espanha, refletindo uma perspectiva econômica positiva e um impacto limitado da Catalunha.
(Reportagem adicional de Emma Pinedo, Inmaculada Sanz e Jesús Aguado em Madri, Elisabeth O'Leary em Londres e Paul Carrel e Thorsten Severin em Berlim)
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