Turquia pede saída de embaixador de Israel devido a mortes em Gaza
Por Tulay Karadeniz e Tuvan Gumrukcu
ANCARA (Reuters) - A Turquia pediu que o embaixador de Israel deixe o país nesta terça-feira depois que forças israelenses mataram 60 palestinos durante protestos na fronteira com Gaza em repúdio à abertura da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém.
Ancara vem sendo uma das críticas mais contundentes à reação de Israel aos protestos em Gaza e à transferência da embaixada, convocando seus embaixadores em Tel Aviv e Washington e pedindo uma reunião de emergência de nações islâmicas na sexta-feira.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, descreveu os episódios de violência de segunda-feira, os mais mortíferos para os palestinos desde o conflito de 2014 em Gaza, como genocídio e classificou Israel como um Estado terrorista. O governo decretou três dias de luto.
"O embaixador israelense tomou conhecimento de que nosso enviado em Israel foi chamado para consultas, e foi informado de que seria apropriado ele voltar ao seu país por algum tempo", disse uma fonte do Ministério das Relações Exteriores turco.
O porta-voz do governo, Bekir Bozdag, disse ao Parlamento nesta terça-feira que a Turquia considera os EUA responsáveis pelo derramamento de sangue de segunda-feira.
"O sangue de palestinos inocentes está nas mãos dos Estados Unidos. Os Estados Unidos são parte do problema, não da solução", disse.
As relações entre Ancara e Washington, dois aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), se tensionaram muito devido à transferência da embaixada, a desentendimentos sobre mobilizações militares no norte da Síria e a processos contra cidadãos turcos e norte-americanos em tribunais dos respectivos países.
Houve manifestações contra Israel em Istambul e na capital Ancara. Erdogan, que está fazendo campanha para as eleições parlamentares e presidencial do mês que vem, disse que uma manifestação será realizada na sexta-feira em protesto contra as mortes.
A causa palestina ecoa entre muitos turcos, incluindo os eleitores nacionalistas e religiosos que foram a base de apoio de Erdogan.
Bozdag disse ao Parlamento que a manifestação em planejamento em Istambul "mostrará mais uma vez que o povo turco não ficará em silêncio diante da injustiça e da crueldade, que defende as vítimas diante dos cruéis".
O primeiro-ministro, Binali Yildirim, também disse que países muçulmanos deveriam rever seus laços com Israel após os episódios de violência de segunda-feira.
(Reportagem adicional de Ece Toksabay)
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