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Protestos de caminhoneiros entram no 6º dia; governo começar a multar transportadoras

26/05/2018 14h59

SÃO PAULO (Reuters) - A paralisação dos caminhoneiros contra a alta do diesel entrou no sexto dia neste sábado e o governo vai começar a aplicar multas de 100 mil reais por hora parada para as transportadoras que não voltarem à atividade após o recente acordo.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, quase 600 pontos de bloqueios de estradas ainda estavam ativos na manhã desta sábado, em sua maioria parciais e sem prejuízo à livre circulação.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse nesta sábado que o governo tem convicção da existência de locaute, quando empresários impedem funcionários de trabalharem, no movimento dos caminhoneiros e que a Polícia Federal já tem pedidos de prisão após inquéritos neste sentido.

Os ministros do Gabinete de Acompanhamento da Normalização do Abastecimento se reuniram na manhã deste sábado com presidente Michel Temer, um dia após Temer determinar o uso de forças federais para desobstruir rodovias, afirmando que os manifestantes "não têm o direito" de parar o país. Segundo Marun, os ministros do Gabinete vão se reunir novamente durante a tarde deste sábado.

Marun disse ainda que o governo determinou a aplicação de multa em caminhões com insumos de saúde que estejam parados aderindo ao movimento.

A Polícia Rodoviária Federal disse está mantendo corredores para a circulação de cargas sensíveis, transporte de animais, gêneros alimentícios, equipamentos essenciais, combustíveis, entre outros produtos, além de prestação de apoio aos manifestantes durante as desmobilizações no intuito de garantir a segurança de todos os usuários das rodovias federais. Da meia noite de sexta-feira até as 11h30 deste sábado, foram registrados 544 pontos desbloqueados, segundo a PRF.

Entre os bloqueios ainda ativos estava o acesso ao Porto de Santos, em São Paulo, tanto na margem esquerda, pela rodovia Cônego Domênico Rangoni, sentido Guarujá, quanto na margem direita, pela rodovia Anchieta, na chegada a Santos, de acordo com a concessionária Ecovias.

A manutenção da paralisação de caminhoneiros ocorre diante da rejeição de alguns manifestantes ao que foi proposto pelo governo, que acredita ter solucionado a questão após anunciar um acordo quinta-feira com a categoria.

"O acordo é o estabelecimento de trégua da paralisação do movimento... e nós renovamos o apelo aos transportadores e caminhoneiros no sentido de que retomem a sua atividade e cumpram a sua missão de bem abastecer a população brasileira", disse Marun.

Segundo o ministro, a proposta apresentada pelo governo é positiva e abre espaço para negociações posteriores. Na noite de quinta-feira, governo e representantes de caminhoneiros chegaram a um acordo para suspender por pelo menos 15 dias a greve, com o governo garantindo a subvenção do preço do diesel e reajustes a serem realizados apenas a cada 30 dias.

A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), uma das principais associações responsáveis pelo movimento, pediu na véspera que os manifestantes retirem interdições nas rodovias, mas mantenham manifestações pacífica.

O presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, reforçou neste sábado o posicionamento de apoio à categoria e disse que segue monitorando a situação reunido com líderes, representantes das federações e sindicatos. Até o momento não houve pedido por parte dele para encerrar a paralisação.

Na cidade do Rio de Janeiro, menos de 5 por cento dos postos ainda tinham combustível nesta manhã, com alguns desses limitando a venda por carro. A prefeitura está cogitando decretar ponto facultativo a partir de terça-feira caso a greve não termine. A cidade tem estoque de meranda escolar até segunda-feira, disse o prefeito Marcelo Crivela, acrescentando que a prioridade é o atendimento de hospitais e postos de saúde.

Veículos de abastecimento que saíram da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, nas últimas horas estão sendo destinados para atender serviços essenciais. Na capital fluminense, os ônibus estão operando com cerca de um terço da frota.

Na manhã desse sábado havia pelo menos 12 pontos de manifestações em estradas do Rio de Janeiro, inclusive na porta Reduc e imediações. Ali estão a Refinaria da Petrobras e pólos de distribuição de combustíveis.

AEROPORTOS

Dos 44 aeroportos administrados pela Infraero, 12 estavam sem querosene de aviação no início da tarde deste sábado.

Além disso, o aeroporto de Brasília, que não é administrado pela Infraero, recebeu no início da tarde quatro caminhões com combustível com cerca de 240 mil litros de querosene de aviação, após ter ficado mais de 24 horas sem combustível.

No entanto, enquanto os caminhões são averiguados e aguardam o início do bombeio, as medidas seguem as mesmas e valem até a chegada de novos veículos. Ou seja, somente pousarão no aeroporto aeronaves com capacidade para decolar sem a necessidade de abastecimento no Terminal brasiliense, enquanto aviões que pousarem e que necessitem de abastecimento ficarão em solo.

Marun disse que há situações graves de desabastecimento de alguns aeroportos, incluindo o de Brasília, embora o governo tenha o objetivo de normalizar a situação de importantes aeroportos ainda neste sábado.

(Por Flavia Bohone, reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro, e Lisandra Paraguassu, em Brasília)