Arcebispo australiano é condenado a 1 ano de prisão por acobertar abusos sexuais
Por Tom Westbrook
SYDNEY (Reuters) - Um arcebispo australiano que se tornou a maior autoridade religiosa do mundo condenada por ocultar abusos sexuais de crianças na Igreja Católica foi sentenciado a 1 ano de prisão nesta terça-feira.
Philip Wilson, de 67 anos, continuará livre sob fiança enquanto autoridades prisionais avaliam sujeitá-lo à prisão domiciliar, ao invés da convencional, e irá a um tribunal no mês que vem, quando se decidirá onde cumprirá sua pena.
"Não há remorso ou contrição por parte do transgressor", disse o magistrado da corte de Newcastle, Robert Stone, a respeito de Wilson, em comentários sobre a sentença enviados por email.
"O transgressor é uma figura de alto escalão em uma das instituições mais respeitadas de nossa sociedade... os paroquianos foram traídos da maneira mais insensível e cruel por causa de sua fé, confiança e respeito equivocados, não só pelo perpetrador mas, como neste caso, por aqueles que sabiam e o ocultaram".
Wilson foi condenado em maio por não revelar à polícia os abusos de outro padre, James Fletcher, depois de ser informado a seu respeito em 1976 por duas vítimas, incluindo um coroinha que fez a revelação no confessionário.
Em 2004 Fletcher foi considerado culpado de nove acusações de abuso sexual infantil, e morreu na prisão em 2006 devido a um derrame.
Os advogados de Wilson, que insistiu em sua inocência durante todo o processo legal, argumentaram que ele não sabia que Fletcher havia abusado de um menino.
Embora sua pena seja menor do que a de um veredicto semelhante emitido nos Estados Unidos, e apesar do fato de que não foi preso de imediato, ela foi celebrada pelos sobreviventes de abusos como uma vitória importante.
"Este é um caso emblemático em todo o mundo... a condenação permanece", disse Peter Creigh, que foi abusado por Fletcher, aos repórteres diante da corte de Newcastle, ao norte de Sydney.
A Conferência Australiana de Bispos Católicos, principal entidade católica do país outrora comandada por Wilson, disse em um comunicado que espera que a sentença leve alguma "sensação de paz e cura" às vítimas.
Wilson corria o risco de receber uma pena máxima de dois anos de prisão, e o jornal Newcastle Herald relatou que ele não demonstrou nenhuma emoção quando a pena foi comunicada. Ele terá direito a pedir liberdade condicional depois de seis meses.
Em dezembro o tribunal foi informado que Wilson se encontra nos primeiros estágios do Mal de Alzheimer, um fato que pode ser levado em conta quando se determinar onde ele cumprirá a pena.
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