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Baixa confiança em vacinas na UE cria risco de surtos de doenças

23/10/2018 14h53

Por Kate Kelland

LONDRES - Os níveis baixos de confiança pública em vacinas na União Europeia estão reduzindo as taxas de imunização e aumentando os surtos de doenças, de acordo com um relatório de especialistas divulgado nesta terça-feira.

O número de surtos recentes de sarampo na UE, o mais alto em sete anos, é um sinal do impacto imediato da vacinação em declínio, disse o relatório, e deveria levar os governos a agirem para aumentar a conscientização e a confiança na vacinação.

O relatório, publicado pela Comissão Europeia e compilado por uma equipe de cientistas liderada por Heidi Larson, professora e diretora do Projeto para a Confiança nas Vacinas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, encontrou quatro tendências discordantes a respeito da confiança em vacinas em países-membros da UE.

    Alguns, como França, Grécia, Itália e Eslovênia, se tornaram mais confiantes na segurança das vacinas desde 2015, e outros, como República Tcheca, Finlândia, Polônia e Suécia, se tornaram menos confiantes.

    O comissário de saúde do bloco, Vytenis Andriukaitis, disse que as conclusões do relatório mostraram "a necessidade de ação na UE".

Ele observou que a Europa tem menos confiança na segurança das vacinas do que outras regiões do mundo e que sete dos 10 países com menos confiança estão na Europa.

    "Isto se deve em parte à influência crescente de diversos grupos antivacina que disseminam informações enganosas pela internet ou em foros políticos", disse. "Sua influência deveria tornar todos nós cautelosos".

    O relatório revelou que a confiança nas vacinas entre os médicos está ligada à confiança entre membros do público, e que enquanto médicos de família geralmente têm níveis altos de confiança, há sinais preocupantes de desconfiança até na comunidade médica.

    Cerca de 36 por cento dos médicos de família entrevistados na República Tcheca e 25 por cento na Eslováquia não acreditam que as vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR) são seguras, e 29 por cento e 19 por cento respectivamente não creem que sejam importantes, mostrou a pesquisa.

    O relatório revelou que, desde 2010, a cobertura de imunização do sarampo – definida como a primeira dose de uma vacina que contém sarampo, como a MMR – recuou em 12 nações da UE: Bulgária, Croácia, República Tcheca, Estônia, Finlândia, Grécia, Lituânia, Holanda, Polônia, Romênia, Eslováquia e Eslovênia.

    A confiança nas vacinas foi definida no relatório como a confiança na eficiência e na segurança das vacinas e nos sistemas de saúde que as fornecem.