Topo

EUA sairão de tratado nuclear no momento certo, diz conselheiro da Casa Branca

23/10/2018 16h28

Por Andrew Osborn e Vladimir Soldatkin

MOSCOU (Reuters) - Washington está avançando com seu plano para se retirar de um tratado nuclear, afirmou nesta terça-fera o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, sinalizando que uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, não mudou a opinião da Casa Branca.

Bolton participou de uma reunião de 90 minutos com Putin no Kremlin, onde o presidente russo criticou os Estados Unidos pelo que descreveu como uma série de medidas gratuitas contra Moscou.

A Rússia já disse que se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumprir sua promessa de retirar o país do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, Moscou será forçada a responder na mesma medida para restaurar o equilíbrio militar.

Mesmo assim, falando em coletiva de imprensa após se reunir com Putin, Bolton não deu nenhuma indicação de mudança de opinião sobre o tratado.

"Há uma nova realidade estratégica", disse Bolton, afirmando que um tratado da época da Guerra Fria não satisfaz mais as exigências do mundo atual.

"Em termos de preencher o aviso formal de retirada, ele ainda não foi preenchido, mas será preenchido no momento adequado".

Mais cedo, em comentários iniciais durante a reunião com Bolton, Putin fez uma referência crítica ao brasão dos Estados Unidos.

"Nós quase não respondemos às suas medidas, mas elas continuam vindo", disse Putin a Bolton.

"No brasão dos Estados Unidos há uma águia segurando 13 flechas em uma garra e um ramo de oliveira na outra. Minha pergunta é se sua águia devorou todas as azeitonas deixando só as flechas?".

Assinado pelo então presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan e pelo líder soviético Mikhail Gorbachev em 1987, o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário exigia a eliminação de mísseis nucleares e convencionais de curto e médio alcances pelos dois países.

(Reportagem Adicional de Polina Nikolskaya, Katya Golubkova e Polina Devitt em Moscou, Paul Carrel e Hans-Edzard Busemann em Berlim, Joanna Plucinska e Pawel Sobczak em Varsóvia, e Robin Emmott em Bruxelas)