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China faz críticas e elogios ao secretário de Defesa demissionário dos EUA

27/12/2018 10h38

PEQUIM (Reuters) - O Ministério da Defesa chinês criticou o demissionário secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, nesta quinta-feira devido às suas "acusações falsas" contra a China, mas também o elogiou por seus esforços a favor dos laços militares entre as duas potências.

Nesta semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que substituirá Mattis dois meses antes do esperado, já que ele renunciou na semana passada devido a divergências de diretrizes com seu chefe.

Trump criticou na segunda-feira Mattis e sua opinião sobre alianças do país, dizendo que o chefe do Pentágono foi incapaz de reconhecer o verdadeiro custo do apoio militar norte-americano ao redor do mundo.

Em sua carta de renúncia, Mattis disse acreditar que os EUA "devem ser resolutos e inequívocos em nossa abordagem com os países cujos interesses estratégicos estão cada vez mais em atrito com os nossos".

Ele identificou Rússia e China como nações que "querem moldar um mundo condizente com seu modelo autoritário".

Falando em uma coletiva de imprensa mensal, o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Wu Qian, expressou desagrado com os comentários de Mattis.

"Nós nos opomos às acusações falsas contra a China na carta de renúncia do secretário Mattis", disse.

"Ao mesmo tempo, enquanto o secretário Mattis esteve no cargo ele fez esforços positivos para tornar o relacionamento militar China-EUA um estabilizador dos laços bilaterais".

O vice-secretário de Defesa, Patrick Shanahan, assumirá o lugar de Mattis em caráter interino a partir de 1º de janeiro.

Wu disse que, sob o comando de Shanahan, a China espera que os laços militares continuem a se desenvolver de uma maneira saudável e estável.

As relações entre as duas maiores economias do mundo se agravaram como nunca no governo Trump devido a uma disputa comercial acirrada e desentendimentos sobre Taiwan, reivindicada por Pequim, o Mar do Sul da China e outras áreas de tensões geopolíticas.

Receosas de que laços frouxos entre as duas grandes forças militares possam provocar mal-entendidos que se tornem conflitos devido às relações tensionadas, autoridades dos EUA disseram que Mattis estava tentando forjar um relacionamento com os líderes militares chineses.

Uma autoridade chinesa já havia dito à Reuters que Pequim via Mattis como um "sábio" com experiência de guerra suficiente para saber que é melhor evitá-la.

Mas ao mesmo tempo em que ele tentava cultivar tais elos para conter crises, o Pentágono intensificou atividades que irritam o governo chinês, como as operações de "liberdade de navegação" no disputado Mar do Sul da China.

         (Por Ben Blanchard)

((Tradução Redação São Paulo, +5511 5644 7719))

REUTERS RBS