May retorna a Bruxelas em meio a deserções causadas pelo Brexit
Por Gabriela Baczynska e Elizabeth Piper
BRUXELAS/LONDRES (Reuters) - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, viajou a Bruxelas nesta quarta-feira para obter mais concessões de uma União Europeia cética depois que as deserções de três parlamentares pró-UE de seu Partido Conservador minaram sua estratégia para a desfiliação do bloco.
O Reino Unido deve sair da UE em 29 de março, mas diplomatas dizem que, na prática, Londres tem menos de um mês para romper um impasse nas negociações e selar um acordo antes de uma cúpula de rotina de líderes da UE em 21 e 22 de março.
No mês passado o dividido Parlamento britânico rejeitou em uma votação o acordo para o Brexit que May havia negociado com o bloco, e desde então ela vem lutando para chegar a um meio-termo aceitável para a Câmara dos Comuns e a UE.
A decisão das três parlamentares conservadoras de deixar a legenda devido ao que classificaram como o "manejo desastroso do Brexit" por parte do governo aumentou as dúvidas sobre a capacidade de May de conseguir que qualquer pacto entre Londres e Bruxelas seja aprovado.
A premiê disse estar triste com as renúncias, mas que continuará empenhada em obter um acordo melhor da UE dentro do prazo do Brexit. Ela deve conversar nesta quarta com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
"O que precisamos conseguir são mudanças legalmente vinculantes que convençam o Parlamento de que não ficaremos presos no backstop (da fronteira irlandesa) indefinidamente", disse o porta-voz de May, prevendo um "debate detalhado" com Juncker.
Se bem-sucedida, disse uma fonte, a conversa desta quarta-feira pode criar algum ímpeto para as negociações e permitir a May debater novas medidas com os líderes em uma cúpula da UE no Egito. Depois ela pode voltar ao Parlamento na semana que vem e exibir algum progresso aos parlamentares antes de outra votação.
A UE recusou terminantemente as exigências de Londres de descartar um protocolo para a fronteira irlandesa – o "backstop" – que críticos britânicos dizem que prenderá seu país às regras comerciais da UE para sempre.
Já o bloco diz que a medida é essencial para evitar controles alfandegários na nova divisa entre o Reino Unido e a UE com a conturbada província britânica da Irlanda do Norte e que os "arranjos tecnológicos alternativos" que Londres prefere usar ainda não existem.
Bruxelas também resiste à pressão de May para estabelecer um limite de tempo ao backstop ou proporcionar ao seu país uma forma de sair do mecanismo unilateralmente.
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