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Ex-assessor do papa, cardeal Pell é condenado por abuso sexual

26/02/2019 18h57

Por Sonali Paul e Philip Pullella

MELBOURNE/CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Um tribunal australiano considerou o cardeal George Pell, uma das autoridades mais graduadas do Vaticano e ex-conselheiro do papa Francisco, culpado de cinco acusações de abuso sexual infantil cometidos há mais de duas décadas contra meninos de 13 anos.

O veredicto tornou-se público nesta terça-feira após a revogação de uma ordem de supressão do julgamento, depois que um segundo caso de abuso contra Pell --o mais graduado clérigo católico do mundo a ser condenado por delitos sexuais contra crianças-- foi descartado pela acusação.

Os advogados de Pell disseram que ele vai recorrer do veredito, que envergonha o Vaticano por se tornar público apenas dois dias antes de uma grande conferência sobre como prevenir o abuso seuxal. Pell havia se declarado inocente das cinco acusações.

Na primeira resposta do Vaticano, o porta-voz Alessandro Gisotti disse a repórteres que a convicção é "dolorosa" para muitos, mas que o cardeal havia alegado inocência e que tem o direito de "se defender até o último nível" do processo.

Um júri do tribunal do condado de Vitória, em Melbourne, considerou Pell culpado em 11 de dezembro do ano passado após julgamento de quatro semanas.

Ele foi condenado por cinco acusações de delitos sexuais cometidos contra meninos de 13 anos de um coral 22 anos atrás na sacristia da Catedral de São Patrício de Melbourne, onde Pell era arcebispo. Uma das vítimas morreu em 2014.

Cada um dos cinco delitos implica um máximo de 10 anos de prisão. Os advogados de Pell apresentaram um recurso contra o veredicto com três argumentos --que, se aceitos, podem levar a um novo julgamento.

"O cardeal Pell sempre alegou inocência e continua a fazê-lo", disse Paul Galbally, um dos advogados de Pell.

Pell, que segue sob fiança, deixou o tribunal sem falar com os repórteres, que o cercaram enquanto ele seguia da escadaria da corte para um carro que o aguardava.

O porta-voz disse que o papa Francisco "confirmou" medidas proibindo Pell de exercer seu ministério em público e de ter contato com menores "em qualquer maneira ou forma".