Ex-"faz-tudo" de Trump, Michael Cohen diz que IA criou casos falsos adicionados a processo
(Reuters) - Michael Cohen, ex-advogado e "faz-tudo" do ex-presidente norte-americano Donald Trump, afirmou em documentos jurídicos revelados nesta sexta-feira que deu a seu advogado, por engano, citações falsas geradas por um programa de inteligência artificial e que foram usadas em um processo judicial real.
Cohen, que deve ser uma das principais testemunhas contra Trump em um dos julgamentos criminais a que será submetido o ex-presidente, disse em uma declaração sob juramento em um tribunal federal de Manhattan que não se deu conta de que as citações geradas pelo Google Bard eram fictícias.
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O Bard é um chatbot de IA generativa desenvolvido pelo Google, da Alphabet. As citações foram incluídas por um advogado para Cohen em uma moção que visava antecipar o fim de sua soltura supervisionada, depois de ele ser preso por crimes no financiamento de campanha.
O juiz distrital Jesse Furman afirmou neste mês que três decisões judiciais citadas na moção não existiam. Ele pediu que o advogado de Cohen, David Schwartz, demonstrasse por que ele não deveria ser punido por citar casos irreais.
Cohen disse que as citações vieram de suas próprias pesquisas e que não esperava que Schwartz “deixasse os em sua petição, sem nem confirmar que eles existiam”.
“Eu lamento profundamente quaisquer problemas que a moção do Sr. Schwartz possa ter causado”, afirmou Cohen.
Tribunais norte-americanos estão tendo que lidar com o rápido uso de IA generativa, como o ChatGPT, e como regular seu uso em procedimentos jurídicos.
Em junho, dois advogados de Nova York foram suspensos por apresentarem em um processo seis citações a casos fictícios gerados pelo ChatGPT.
Recentemente, Cohen foi testemunha em um processo de fraude movido pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James, contra Donald Trump.
Ele também deve testemunhar em um processo criminal estadual contra Trump, que é acusado de falsificar históricos econômicos para esconder reembolsos a Cohen por um pagamento de 130 mil dólares feito para silenciar a atriz pornô Stormy Daniels antes da eleição presidencial de 2016.
(Reportagem de Nate Raymond em Boston)