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Dólar caminha para R$5,70 com mal-estar renovado após fala de Lula sobre câmbio

02/07/2024 12h37

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Após abrir em queda nesta terça-feira, o dólar virou e passou a subir ante o real, em direção aos 5,70 reais, com o mercado repercutindo negativamente novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central e a promessa de que o governo discutirá medidas para o câmbio.

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Às 12h25, o dólar à vista subia 0,39%, a 5,6760 reais na venda, após ter oscilado perto dos 5,69 reais no pico do dia até o momento. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,17%, aos 5,6845 reais.

Antes da abertura do mercado nesta terça-feira, em entrevista à rádio Sociedade, de Salvador, Lula disse que fará "alguma coisa" em relação à alta do dólar ante o real, mas evitou detalhar qual medida será tomada "porque senão estarei alertando meus adversários".

Lula afirmou que há atualmente um ataque especulativo ao real, acrescentando que voltará a Brasília na quarta-feira e discutirá o que fazer em relação à alta do dólar. Ele também voltou a criticar o Banco Central, dizendo que a autarquia não pode estar a serviço do sistema financeiro e do mercado.

Após o dólar abrir em baixa, a fala de Lula passou a pesar sobre os negócios ao longo da manhã e as cotações da moeda norte-americana ganharam força. Profissionais do mercado afirmaram que a possível intervenção do governo no câmbio gerava receios.

Uma das possibilidades levantadas é a de que o governo possa mexer no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações cambiais, para segurar a escalada da moeda norte-americana.

Em Brasília, porém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou no fim da manhã que não há possibilidade de o governo mexer no IOF. Segundo ele, a melhor maneira de conter a desvalorização do real é melhorar a comunicação sobre o arcabouço fiscal e a autonomia do BC.

Os comentários de Lula em relação ao BC nesta terça-feira somam-se às falas do presidente nos últimos dias, que vêm sendo apontadas como um dos principais motivos para que o dólar tenha disparado ante o real e para que a curva de juros esteja em forte alta no Brasil. Em 2024, a moeda norte-americana acumula elevação próxima de 17%.

"Quem intervém no câmbio é o BC, não o ministério da Fazenda", comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora. "O que o presidente Lula pode fazer no câmbio é tranquilizar o mercado, dizendo que vai cortar gastos. Quando o mercado acredita que o problema é de credibilidade, ações como alterar o IOF são momentâneas", acrescentou.

Nos últimos dias, profissionais ouvidos pela Reuters têm afirmado que a acomodação do dólar ante o real passa justamente pelo fim dos ataques recorrentes de Lula ao BC e por medidas que equilibrem as contas públicas.

Alvo de Lula em suas declarações, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou durante a manhã que a autarquia tem que ficar fora da “arena política” e argumentou que o tempo mostrará que o trabalho da autoridade monetária é técnico.

"Há um prêmio de risco na curva (de juros), e ele tem sido elevado nas últimas semanas com a incerteza sobre o que acontecerá quando a próxima liderança, o próximo time (do BC) assumir", acrescentou Campos Neto, que deixará o comando da instituição no fim de dezembro. Ele participou de evento do Banco Central Europeu (BCE) em Sintra, Portugal.

No exterior, o dólar passou a ceder ante uma cesta de moedas fortes, com o mercado avaliando declarações do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no mesmo evento em que Campos Neto falou. A moeda norte-americana também caía ante moedas como o peso mexicano e o peso chileno.

Às 12h29, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,05%, a 105,790.

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