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Líder da oposição na Venezuela, González chega à Espanha em busca de asilo

08/09/2024 12h21

Por Ana Cantero e Vivian Sequera

CARACAS/MADRID (Reuters) - O candidato presidencial da oposição venezuelana, Edmundo González, voou para a Espanha no domingo para pedir asilo, disse o governo espanhol, horas depois de deixar seu país em meio a uma crise política e diplomática devido à eleição contestada em julho.

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González -- que contestou a declaração de vitória do presidente Nicolás Maduro -- chegou à base militar de Torrejon de Ardoz com sua esposa, disse o Ministério das Relações Exteriores da Espanha em um comunicado.

A dramática saída de González, de 75 anos, visto pelos EUA, pela UE e por outras potências da região como o vencedor da votação, ocorreu uma semana depois que as autoridades venezuelanas emitiram um mandado de prisão contra ele, acusando-o de conspiração e outros crimes.

"Hoje é um dia triste para a democracia na Venezuela", disse o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, em um comunicado. "Em uma democracia, nenhum líder político deve ser forçado a buscar asilo em outro país."

A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodriguez, disse no Instagram que as autoridades haviam dado passagem segura a González em uma tentativa de restaurar a "paz política". O ministério das Relações Exteriores da Espanha disse que não houve conversas oficiais com o governo venezuelano sobre a saída de González.

A oposição venezuelana afirma que a eleição de 28 de julho resultou em uma vitória retumbante para González e publicou online as contagens de votos que, segundo eles, mostram que ele venceu.

Maduro rejeitou todas essas afirmações e disse que houve um complô da direita para sabotar seu governo.

A mudança de González para a Espanha marcou mais uma virada radical na sorte do ex-diplomata, que saiu da aposentadoria e assumiu a candidatura em março, inicialmente como substituto, depois que a líder da oposição Maria Corina Machado e outro substituto não puderam se apresentar.

Machado confirmou no X que González estava agora na Espanha.

Ela acrescentou que era "necessário para a nossa causa preservar sua liberdade, sua integridade e sua vida" após "crescentes ameaças, convocações, mandados de prisão e até mesmo tentativas de chantagem e coerção" por parte do governo venezuelano.

González continuaria a lutar pela oposição a partir da Espanha, enquanto ela continuaria a fazê-lo na Venezuela, disse Machado, e prometeu que ele tomaria posse em 10 de janeiro de 2025, quando começar o próximo mandato presidencial.

EMBAIXADAS, CONVERSAS

O ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, disse à TV espanhola que disse a González que "qualquer pessoa cuja integridade física ou direitos fundamentais possam estar em perigo seria bem-vinda na Espanha e em sua embaixada".

Ele acrescentou que a mudança de González para a Espanha estava planejada há dias e que o Ministério das Relações Exteriores disse que o processo de asilo começaria agora.

González buscou refúgio na embaixada holandesa e depois na embaixada espanhola na Venezuela após a eleição, segundo autoridades holandesas e venezuelanas.

O ministro das Relações Exteriores da Holanda, Caspar Veldkamp, disse em uma carta ao seu parlamento no domingo que González havia solicitado refúgio com urgência na embaixada holandesa no dia seguinte à eleição.

"No início de setembro, Edmundo González indicou que (...) queria sair e continuar sua luta da Espanha", acrescentou Veldkamp.

Autoridades espanholas, incluindo o ex-primeiro-ministro José Luis Rodriguez Zapatero, mantiveram uma semana de negociações com as autoridades venezuelanas para que González deixasse o país, disse à Reuters uma fonte com conhecimento das negociações, falando sob condição de anonimato.

(Reportagens de Belen Carreno, Corina Pons e Ana Cantero em Madri, Anthony Deutsch em Amsterdã, Vivian Sequera em Caracas e Julia Symes em Bogotá)

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