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UE caminha para 'guerra fria econômica' com a China, diz premiê da Hungria

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán Imagem: REUTERS

Gergely Szakacs;Anita Komuves;

Reuters, de Budapeste

04/10/2024 10h50

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, alertou nesta sexta-feira que a União Europeia está caminhando para uma "guerra fria econômica" com a China, enquanto líderes do bloco se preparavam para uma votação crucial sobre a imposição de tarifas sobre as importações de carros elétricos (VEs) fabricados na China.

Os Estados-membros da UE votarão nesta sexta-feira sobre a imposição de tarifas de até 45% sobre as importações de carros elétricos fabricados na China nos próximos cinco anos, no caso comercial de maior visibilidade do bloco, que corre o risco de sofrer retaliação de Pequim.

Sob o comando de Orbán, a Hungria se tornou um importante parceiro comercial e de investimentos da China, em contraste com outras nações da UE que estão considerando se tornar menos dependentes da segunda maior economia do mundo.

"O que eles estão nos obrigando a fazer agora, ou o que a UE quer fazer, é uma guerra fria econômica", disse Orbán à rádio estatal em uma entrevista, referindo-se às tarifas propostas para a China.

Mais cedo nesta sexta-feira, dados mostraram que a produção industrial da Hungria caiu 9,5% em agosto, pior do que o esperado, o que Budapeste disse ser devido à fraqueza da economia alemã, destino de cerca de um quarto das exportações da Hungria.

Orbán, que liderou uma iniciativa na Europa Central para trazer fábricas chinesas de veículos elétricos e baterias para a Hungria, disse que seu país sem litoral não queria ser espremido em nenhum dos blocos e queria continuar negociando com ambos os lados.

Ele disse que os produtos fabricados na UE seriam cada vez mais difíceis de vender se a economia mundial fosse dividida em dois blocos, acrescentando que não estava claro se a estratégia de "neutralidade econômica" da Hungria resistiria ao teste do tempo.

Investimentos chineses

Um dos maiores investidores chineses na Hungria, a CATL, está construindo uma fábrica de baterias de 7,3 bilhões de euros na cidade de Debrecen, no leste do país, e a BYD, fabricante chinesa de veículos elétricos, anunciou no ano passado que estava construindo sua primeira fábrica europeia em Szeged, no sul do país.

No mês passado, Orbán disse que as empresas chinesas haviam prometido investimentos no valor de 9 bilhões de euros na Hungria até o momento, colocando-as no mesmo nível das empresas dos Estados Unidos, que criticaram a estratégia de Orbán de estreitar laços com a China.

"Fazer negócios com a China vem acompanhado de condições, e os juros geralmente são pagos em termos de soberania", disse o embaixador dos EUA na Hungria, David Pressman, em junho. "Todos nós sabemos que a Hungria não pode — por muito tempo — ter as duas coisas."

Com bilhões de euros de financiamento da UE suspensos devido às preocupações de Bruxelas com o Estado de Direito na Hungria, Budapeste tomou emprestado 1 bilhão de euros de bancos chineses em abril para financiar projetos de infraestrutura e energia em um acordo cujos termos não foram divulgados.

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