Scholz pede calma para tirar Alemanha de crise política
Por Christian Kraemer e Andreas Rinke
BERLIM (Reuters) - O chanceler alemão, Olaf Scholz pediu nesta sexta-feira um debate calmo entre os grupos em conflito na Alemanha sobre a definição da data para uma eleição antecipada criada para retirar o país de uma crise política.
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Ao ser entrevistado por repórteres em Budapeste, Scholz pediu aos partidos que primeiro concordem sobre quais leis ainda poderiam ser aprovadas no restante do atual parlamento, negando estar tentando impor sua própria agenda política ao adiar a realização da eleição.
Scholz fez a sugestão da realização de um voto de confiança em seu governo em janeiro, preparando o caminho para uma eleição antecipada em março, mas a oposição conservadora liderada por Friedrich Merz quer uma eleição já em janeiro.
A maior economia da Europa foi lançada ao caos esta semana com o colapso da coalizão de três partidos de Scholz e o desacordo sobre quanto dinheiro o governo deveria gastar para estimular o crescimento e apoiar a Ucrânia.
O colapso ocorre em um momento difícil para a Alemanha, já que sua economia enfrenta o segundo ano de contração, suas empresas temem perda de competitividade, enquanto os desafios de política externa aumentam, desde a reeleição de Donald Trump até uma guerra tarifária com a China.
Enquanto os partidos se posicionam, o vice-chanceler Robert Habeck, do partido Verde, deu início à sua própria candidatura para se tornar chanceler. Merz criticou Scholz como "irresponsável" por adiar uma votação.
"Devemos falar sobre a data da maneira mais tranquila possível. Seria bom se as facções democráticas no Bundestag pudessem agora chegar a um acordo sobre quais leis ainda podem ser aprovadas este ano", disse Scholz em evento paralelo à cúpula da UE.
"Esse acordo também poderia responder à questão de quando é o momento certo para realizar o voto de confiança no Bundestag, também em relação à possível data das novas eleições".
Um voto de confiança é um precursor necessário para uma eleição.
Scholz estava se reunindo com líderes em Budapeste para discutir a resposta da Europa a uma série de questões, incluindo o retorno de Trump ao poder.
Questionado sobre como o colapso de sua coalizão estava sendo visto por outros líderes, Scholz disse que eles mostraram solidariedade, compartilhando suas próprias experiências na formação de coalizões.
Ele também minimizou uma provocação do aliado de Trump e dono da plataforma X, Elon Musk, que o chamou em alemão de “tolo” devido ao colapso da coalizão. Scholz disse que não deu importância, pois “o mundo em que vivemos não é um em que empresas de Internet são órgãos estatais”.
A coalizão de Scholz entrou em colapso na quarta-feira, quando ele anunciou a demissão de seu ministro das Finanças, Christian Lindner, do partido Democratas Livres (FDP), que, junto com os Verdes e os Social-Democratas (SPD) de Scholz, estava no poder desde 2021.
De acordo com uma pesquisa de opinião, a ZDF Politbarometer, a maioria dos alemães quer uma eleição o mais rápido possível. Cerca de 84% acham que uma eleição antecipada é uma boa ideia, enquanto 13% não concordam, segundo a pesquisa divulgada nesta sexta-feira.
(Reportagem de Christian Kraemer, Andreas Rinke, Sarah Marsh, Miranda Murray)