Nações europeias denunciam ataques híbridos russos e iniciam investigações sobre cortes de cabos
Por Andrius Sytas e Barbara Erling e Johan Ahlander
ESTOCOLMO/VARSÓVIA (Reuters) - Governos europeus acusaram a Rússia nesta terça-feira de intensificar ataques híbridos contra aliados ocidentais da Ucrânia, com os países bálticos investigando se o corte de dois cabos de telecomunicações de fibra óptica no Mar Báltico foi uma operação de sabotagem.
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As autoridades europeias não acusaram diretamente a Rússia de ter destruído os cabos. Mas Alemanha, Polônia e outros países disseram que provavelmente foi um ato de sabotagem, e as Forças Armadas da Lituânia aumentaram a vigilância de suas águas em resposta.
"A escalada das atividades híbridas de Moscou contra a Otan e os países da UE também não tem precedentes em sua variedade e escala, criando riscos significativos à segurança", disseram os ministros das Relações Exteriores de França, Alemanha, Itália, Polônia e Reino Unido em um comunicado.
A declaração, redigida com veemência, chegou no momento em que países europeus investigam o rompimento completo nesta semana dos cabos do Báltico, um ligando a Finlândia à Alemanha e outro conectando a Suécia à Lituânia, relembrando incidentes anteriores na área.
"Se a Rússia não parar de cometer atos de sabotagem na Europa, Varsóvia fechará o restante de seus consulados na Polônia", disse o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, nesta terça-feira, após vários ministros das Relações Exteriores europeus se reunirem na capital polonesa.
O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, teve uma opinião semelhante em conversas separadas em Bruxelas: "Ninguém acredita que esses cabos foram cortados acidentalmente".
"Também temos que presumir, sem saber ainda, que se trata de sabotagem", acrescentou Pistorius.
Moscou tem negado repetidamente sabotagem da infraestrutura europeia e diz que essas alegações são fabricadas para prejudicar os interesses russos por meio de uma guerra de informações travada pelo Ocidente.
Duas fontes europeias disseram que a declaração desta terça-feira não foi uma resposta direta aos cortes de cabos.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell, adotou um tom mais cauteloso, dizendo que é muito cedo para apontar culpados.
"Seria irresponsável de minha parte atribuir esse incidente, digamos, ou acidente, ou como queira chamá-lo, a alguém", disse, em uma entrevista coletiva em Bruxelas.
Um cabo ficou fora de serviço na manhã de domingo e o outro menos de 24 horas depois, na segunda-feira.
(Reportagem de Andrius Sytas em Vilnius, Johan Ahlander e Niklas Pollard em Estocolmo, Essi Lehto em Helsinki, Bart Meijer em Amsterdã, Benoit van Overstraeten, Barbara Erling em Varsóvia e Sabine Siebold em Londres)