Mudança de Biden sobre mísseis para Ucrânia foi motivada por tropas norte-coreanas em Kursk e vitória de Trump
Por Mike Stone e Humeyra Pamuk e Matt Spetalnick
WASHINGTON (Reuters) - O presidente Joe Biden abandonou a sua oposição aos ucranianos utilizarem mísseis dos EUA para atingir alvos muito além da fronteira da Rússia como uma resposta à entrada da Coreia do Norte na guerra, uma guinada na política norte-americana que ganhou urgência por conta da vitória de Donald Trump na eleição de 5 de novembro, de acordo com fontes familiarizadas com o tema.
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Por meses, Biden resistiu aos apelos do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, para retirar os limites no uso de mísseis ATACMS fornecidos pelos EUA, que podem alcançar o território russo em seu interior, temendo potencialmente envolver a Otan em um conflito com uma potência nuclear.
No entanto, a decisão de Moscou de enviar soldados norte-coreanos para a região russa de Kursk representou uma grande escalada que exigia uma resposta, disseram à Reuters uma importante autoridade dos EUA e outras duas fontes familiarizadas com o assunto.
A eleição de Trump — profundamente cético em relação ao apoio dos EUA à Ucrânia — aumentou a pressão sobre o governo para afrouxar as regras ao uso dessas armas e tomar outras medidas para fortalecer a Ucrânia, que vem sofrendo repetidos reveses no campo de batalha, afirmaram outras duas fontes.
A decisão poderia ajudar deixar partes da agenda de Biden para a Ucrânia à prova de Trump, fortalecendo a posição ucraniana caso eles percam o apoio dos EUA, disse uma das fontes.
Trump criticou repetidamente a ajuda militar dos EUA à Ucrânia, gerando temores de que ele possa suspender o fornecimento de armas.
O relaxamento das restrições às armas dos EUA pode ter vindo tarde demais para alterar o curso do conflito, mas poderia ajudar a Ucrânia a defender o território que controla em Kursk.
A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Um porta-voz do Departamento de Estado recusou-se a dizer se Biden havia autorizado ataques de longo alcance, mas afirmou que a Rússia estava escalando o conflito ao enviar tropas norte-coreanas.
Moscou prometeu responder ao que considera uma escalada do Ocidente. Uma autoridade dos EUA disse nesta quinta-feira que a Rússia pode ter disparado um míssil balístico de alcance intermediário durante um ataque à cidade ucraniana de Dnipro, possivelmente como um aviso à Otan.
O relaxamento das restrições dos EUA sobre o uso de mísseis tinha como objetivo enviar uma mensagem aos norte-coreanos e russos de que essa mudança era inaceitável, bem como dificultar seus esforços para expulsar os ucranianos de Kursk, disse uma autoridade norte-americana familiarizada com o pensamento do governo.
A autoridade reconheceu que relaxar as restrições aumenta o risco de uma escalada do conflito – mas observou que a Rússia, até agora, não tomou medidas contra países além da Ucrânia.
"A Ucrânia está autorizada a disparar mais profundamente na Rússia apenas para conter o esforço russo/norte-coreano de expulsar a Ucrânia do território russo", disse a autoridade.