Bolsonaro tinha "pleno conhecimento" de plano golpista para assassinar Lula, diz PF
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Jair Bolsonaro tinha "pleno conhecimento" de um plano golpista tramado durante seu governo para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e seu vice Geraldo Alckmin após a eleição de 2022, afirmou a Polícia Federal em relatório divulgado nesta terça-feira.
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"As evidências colhidas, tais como os registros de entrada e saída de visitantes do Palácio do Alvorada, conteúdo de diálogos entre interlocutores de seu núcleo próximo, análise de ERBs, datas e locais de reuniões, indicam que Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento do planejamento operacional (Punhal Verde e Amarelo), bem como das ações clandestinas praticadas sob o codinome Copa 2022", disse a PF no relatório final de sua investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.
Segundo a investigação da PF, "Punhal Verde e Amarelo" era o nome dado ao plano para envenenar Lula e Alckmin, enquanto o plano "Copa 2022" previa o assassinato do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Na semana passada, fontes com conhecimento da investigação disseram à Reuters que a PF via indícios de que Bolsonaro tinha conhecimento de um plano para assassinar Lula como parte de um golpe de Estado.
No relatório, divulgado nesta terça-feira pelo STF, a PF afirma que Bolsonaro efetivamente planejou, dirigiu e executou atos concretos que objetivavam a abolição do Estado Democrático de Direito com sua permanência na Presidência da República após a derrota nas eleições.
Segundo a PF, o golpe de Estado tentado por Bolsonaro não se consumou por falta de suporte armado das Forças Armadas.
O ex-presidente foi indiciado na semana passada com mais 36 pessoas pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado de Direito e organização criminosa.