Ataques israelenses matam dezenas em Gaza em meio à intensificação de negociações por cessar-fogo
Por Nidal al-Mughrabi
CAIRO (Reuters) - Ataques israelenses mataram dezenas de pessoas em toda a Faixa de Gaza nesta quarta-feira, disseram médicos palestinos, enquanto negociações para interromper os combates continuavam no Catar e tropas israelenses recuperavam o corpo de pelo menos um refém em um túnel perto da cidade de Rafah, no sul do país.
Médicos palestinos disseram que um ataque aéreo israelense matou pelo menos 10 pessoas em uma casa com vários andares no bairro de Sheikh Radwan, na Cidade de Gaza, e outro matou 10 pessoas em outras partes da cidade.
Na cidade de Deir Al-Balah, na região central de Gaza, onde centenas de milhares de palestinos deslocados estão abrigados, e em Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados de Gaza, sete pessoas foram mortas, segundo os médicos.
Os militares israelenses disseram que atingiram militantes do Hamas que operavam em um prédio escolar em Jabalia e que tomaram medidas para minimizar o risco para os civis.
Essas baixas em massa tornaram-se uma ocorrência diária em Gaza, onde cerca de 46.000 palestinos já foram mortos no ataque de 15 meses de Israel contra o Hamas, de acordo com autoridades de saúde no enclave.
Enquanto Israel continuava seus bombardeios, Estados Unidos, Catar e Egito estavam fazendo esforços intensos por um acordo de cessar-fogo, com uma fonte próxima às negociações dizendo que esta é a tentativa mais séria de fechar um acordo até agora.
O atual governo dos EUA pediu um impulso final por um acordo antes que o presidente norte-americano, Joe Biden, deixe o cargo, e muitos na região consideram a posse do presidente eleito Donald Trump em 20 de janeiro como um prazo não oficial.
"As coisas estão melhores do que nunca, mas ainda não há acordo", disse a fonte à Reuters.
O enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse durante a noite que espera ter coisas boas para relatar sobre os reféns israelenses até a posse de Trump como presidente. Um acordo também envolveria a libertação de palestinos mantidos em prisões israelenses.
Enquanto as negociações continuavam nesta quarta-feira, o Exército israelense disse que as tropas haviam recuperado o corpo do refém israelense beduíno Youssef Al-Ziyadna, junto com evidências, que ainda estavam sendo examinadas, sugerindo que seu filho Hamza, levado no mesmo dia, também poderia estar morto.
"Continuaremos a fazer todos os esforços para devolver todos os nossos reféns, os vivos e os mortos", disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em um comunicado.
Israel e Hamas trocam acusações de que o outro lado está bloqueando um acordo de cessar-fogo e troca de reféns ao aderir a condições que torpedearam todos os esforços de paz anteriores por mais de um ano.
Na terça-feira, o Hamas manteve sua exigência de que libertaria os reféns restantes apenas se Israel concordasse em encerrar a guerra e retirar todas as suas tropas de Gaza. Israel afirma que não encerrará a guerra até que o Hamas seja desmantelado e todos os reféns sejam libertados.
(Reportagem e redação de Nidal al-Mughrabi; reportagem adicional de Maytaal Angel, James Mackenzie e Emma Farge)
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