Lula diz que Brasil vai responder com reciprocidade se Trump impuser tarifas ao país

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que se o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidir impor tarifas de importação sobre produtos brasileiros, o Brasil vai responder com reciprocidade e aplicar taxas sobre os produtos norte-americanos.

"Se ele (Trump) taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil... Simples, não tem nenhuma dificuldade", disse Lula em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto.

O Brasil teve um pequeno déficit comercial com os Estados Unidos, de 254 milhões de dólares, no ano passado, o que tem, por enquanto, deixado o país de fora do radar das ameaças de imposições de tarifas por Trump.

Em seu primeiro mandato, no entanto, o presidente norte-americano impôs tarifas ao aço brasileiro, e já citou o país nominalmente como possível alvo de suas tarifas.

Nesta semana, Trump disse que o Brasil estava na lista de países que querem "prejudicar os EUA", junto a economias como Índia e China.

Lula foi questionado na entrevista como ficava a relação do Brasil com os Estados Unidos diante de ameaças que tem vindo do novo presidente norte-americano, e afirmou que é uma relação de chefe de Estado para chefe de Estado.

"Trump foi eleito para governar os Estados Unidos, eu fui eleito para governar o Brasil. Eu quero respeitar os Estados Unidos e quero que Trump respeite o Brasil", disse.

O presidente revelou que enviou uma carta ao governo norte-americano pela vitória de Trump, mas disse que não houve contatos diretos ainda e, acrescentou, não há previsão disso acontecer em um futuro próximo.

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"Não há nenhum interesse agora, nem meu nem dele. Essas conversas só acontecem quando tem um interesse, alguma coisa para tratar. Eu mandei uma carta para o governo americano dando os parabéns e é isso", afirmou.

Lula disse que existe uma possibilidade de os dois líderes se encontraram na reunião de cúpula G7, se Lula for convidado, ou na Organização das Nações Unidas (ONU), mas ressaltou: "Isso se ele não desistir da ONU também".

O presidente criticou a decisão do governo norte-americano de deixar o Acordo de Paris e se retirar da Organização Mundial de Saúde (OMS).

"Sair do Acordo de Paris e tirar dinheiro da OMS é uma regressão", disse.

(Por Lisandra ParaguassuEdição de Pedro Fonseca)

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