Brasil quer evitar que regras europeias criem entraves ao agronegócio nacional
Acompanhando o ministro, o presidente da Confederação da Agricultura e da Pecuária (CNA), João Martins da Silva Júnior, diz que a entidade enfrenta dificuldades para aceitar algumas imposições do bloco, uma vez que os agricultores e pecuaristas brasileiros não recebem as mesmas subvenções que os europeus.
É certo que exportar carne para a União Europeia, agora que o Brasil receberá o selo de país livre da febre aftosa, é um passaporte para conquistar mercados no mundo inteiro. Mas, por outro lado, as regras europeias não devem criar entraves à expansão do agronegócio no Brasil, argumenta o presidente da CNA. Entre os pontos de atrito nas negociações estão o rastreamento dos produtos e a proteção de segmentos ainda vulneráveis.
É o caso dos produtores de leite brasileiros, uma cadeia de pequenas estruturas familiares. Antes de o Brasil se abrir à concorrência dos europeus, as propriedades leiteiras nacionais precisam se modernizar, explica Silva Júnior. No caso dos vinhos, as Indicações Geográficas Protegidas (IGP) ainda estão em discussão para a conclusão do acordo final. Blairo Maggi cita avanços nas negociações e repete que a assinatura do documento está próxima.
Uso de agrotóxicos e rastreamento ainda não resolvidos
A reportagem do Les Echos relata que o Brasil se comprometeu com uma política de rastreamento de seus produtos agropecuários e tem modernizado sua legislação, por exemplo, quanto ao uso de pesticidas. O jornal fala sobre a nova Lei de Agrotóxicos, que deve evoluir em relação à adotada em 1989, e se encontra atualmente em discussão na comissão especial da Câmara dos Deputados.
Blairo Maggi defende o Brasil das acusações de ser um dos maiores usuários de pesticidas do mundo, apontando para a reportagem do Les Echos os números da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Enquanto a França utiliza 3,4 quilos de agrotóxicos por hectare e o Japão 11,7 quilos, o Brasil só utiliza 1,16 quilos por hectare, alega o ministro. Segundo Maggi, os produtores brasileiros buscam principalmente novas moléculas para diminuir seus custos de produção e aumentar a produtividade.
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