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"Queremos um país mais seguro": 70 mil sírios continuam na fronteira com a Jordânia

04/07/2018 15h25

Na Síria, o regime de Bachar al-Assad continua com sua ofensiva contra os rebeldes, lançada há duas semanas na província de Deraa, no sul do país.

Após os confrontos violentos desses últimos dias e que continuam ainda nesta quarta-feira (4), os combates têm sido menos intensos, mas as Nações Unidas manifestam preocupação com a situação humanitária dos deslocados.

O sírio Ahmad faz parte das 70 mil pessoas reunidas perto de Nassib, às portas da Jordânia. Utilizando a aplicação WhatsApp, ele deu uma declaração à RFI: “No dia em que decidimos partir, sofremos um ou dois ataques dos russos. No dia seguinte, descobrimos que eles dispararam dezenas de vezes. Eles bombardearam todo o vilarejo.”

Ahmad vive atualmente em um prédio com outras dezenas de famílias, sem eletricidade. “Nenhuma fronteira foi aberta, mas, caso tenhamos a oportunidade, vamos tentar atravessar imediatamente. Queremos chegar a um país mais seguro para nossas crianças e nossas mulheres”, afirma.

Proteção dos civis é prioridade

Do lado jordaniano, as ONGs negociam com as autoridades para enviar ajuda à zona rebelde. “Nós estamos enviando somente 300 barracas, mas eles precisam de muito mais do que isso, temos milhares de famílias sem casa”, explica Mahmoud, da ONG síria Ghosn Zeitoun, na cidade de Amman. “Em dias normais, nossa ONG trabalha com educação. Mas com a situação atual, tivemos de transferir todas as nossas atividades para reagir diante da urgência”.

“A situação em Deraa parece piorar com cada vez mais ataques, que impactam os civis”, declarou, preocupada, Elizabeth Throssel, porta-voz do alto comissariado dos direitos humanos da ONU. “Exigimos urgentemente de todas as partes implicadas no conflito a proteção dos civis no sudoeste da Síria e daqueles que tentam fugir”.

A ONU também exige que a Jordânia abra sua fronteira para acolher as dezenas de milhares de sírios – mas o Exército jordaniano se recusa. A Jordânia sofre igualmente do peso financeiro ligado à presença de refugiados que chegam há sete anos em seu solo. O número exato de migrantes, de acordo com as Nações Unidas, seria de 650.00, mas Amman afirma que é o dobro.