Itália consolida aliança anti-imigração com Hungria e alarma bloco europeu
O homem forte do governo italiano, Matteo Salvini, se reuniu nesta terça-feira (28) em Milão com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, encontro que resultou em uma série de sinais que preocupam alguns líderes europeus com relação a uma possível mudança de rumos sobre o posicionamento político da Itália na Europa.
Matteo Salvini é "meu herói", disse o líder húngaro, que também nomeou seu principal adversário na Europa: o presidente francês Emmanuel Macron, líder do "campo da imigração".
Os dois homens, partidários de uma linha dura contra migrantes que chegam à Europa, confirmaram nesta terça-feira um acordo sobre a necessidade de "defender as fronteiras" contra a imigração. "Nosso objetivo é ajudar onde houver problemas", especialmente “na África”, e não “trazer os problemas para casa", disse Orban.
O posicionamento não agrada a todos. A Itália escolheu ser "a ponta sul" dos países do Grupo Visegrad (República Tcheca, Hungria, Polônia e Eslováquia), hostis à imigração, lamentou o ex-primeiro-ministro italiano e comissário europeu Mario Monti, em um editorial publicado nesta segunda-feira (27) no jornal italiano Corriere della sera.
"A Itália queima pontes com seus aliados tradicionais, ameaça uma deserção improvável, alimenta a desconfiança e derruba os parceiros em nome de uma afinidade ideológica contra a imigração, que não corresponde aos verdadeiros interesses nacionais", afirmou Monti.
Três meses depois que o primeiro governo populista chegou ao poder em um país fundador da União Europeia [a Itália], Matteo Salvini continua a se posicionar contra a Europa, culpada, de acordo com ele, de ter abandonado a Itália, que teria sido forçada a administrar sozinha cerca de 700.000 imigrantes que desembarcaram em seu litoral nos últimos quatro anos.
Desde que assumiu a chefia do Ministério do Interior, Salvini conseguiu impor sua "linha dura" contra a imigração. Ele provou isso evitando primeiramente o desembarque de migrantes coletados por navios de ONGs humanitárias, depois forçando vários países europeus, incluindo França, Alemanha e Espanha, a chegarem a um acordo entre eles para acomodar outros migrantes retidos pela Itália no Mediterrâneo.
A Itália não será o "campo de refugiados" da Europa, martelou incansavelmente o vice-primeiro-ministro e o chefe da Liga [partido de extrema-direita italiano].
Inimigo ou bode expiatório
A firmeza do discurso anti-imigração é oficialmente compartilhada pelo outro componente principal do governo italiano, o Movimento Cinco Estrelas (M5S), e seu líder, o vice-primeiro-ministro Luigi Di Maio.
“A Itália não aceitará mais ser humilhada", disse Maio na semana passada, acenando com a ameaça de uma redução drástica da contribuição da Itália para o orçamento da União Europeia (UE). E se a Europa continuar "dando as costas" à imigração, Roma vetará o orçamento plurianual da UE, acrescentou.
A Europa é um "terreno formidável para garantir o consenso de um povo furioso à procura de bodes expiatórios", criticou nesta terça-feira o jornal La Repubblica.
Mas Matteo Salvini parece querer ir mais longe e liderar com Viktor Orban uma frente soberana em vista das eleições europeias da primavera de 2019. "Estamos nos concentrando em um eixo, vamos ver o que podemos fazer juntos. Faremos tudo para construir outra Europa ", disse.
Neste ponto, Luigi Di Maio parece mais hesitante. "Orban erige paredes de arame farpado e recusa a distribuição de migrantes. No que me diz respeito, os países que recusam a distribuição não têm direito ao financiamento europeu", disse Di Maio em entrevista concedida nesta segunda-feira ao jornal La Stampa.
No entanto, milhares de pessoas se reuniram nesta terça-feira em Milão para protestar contra essa Europa de "muralhas e barreiras".
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