Topo

França muda de tática de ciberguerra e parte para o ataque

18/01/2019 19h31

O Estado francês revelou nesta sexta-feira (18) informações sobre sua nova doutrina de "ciberdefesa". O exército poderá responder a um ataque informático, além de usar seu arsenal digital no campo de batalha, mudando a tática mais de defensiva aplicada até agora.

O Estado francês revelou nesta sexta-feira (18) informações sobre sua nova doutrina de “ciberdefesa”.

Durante muito tempo, a França foi conhecida por sua doutrina defensiva em matéria de ciberguerra, com o Exército tentando a todo custo impedir ou parar ataques informáticos dos quais o país era alvo. Somente em 2017, 700 incidentes de segurança foram registrados nas redes ministeriais francesas. Em 2018, o mesmo patamar foi alcançado já em setembro, de acordo com dados da ministra da Defesa, Florence Parly.

“São mais de dois incidentes de segurança por dia que afetaram nosso ministério, nossas operações, nossos dados de inteligência técnica e até um hospital do Exército”, detalhou Florence Parly.

A partir de agora, a tática será ofensiva. “A ciberguerra começou e a França deve estar pronta a combater”, disse a ministra. “Em caso de ataque, nós teremos o direito de contra-atacar, pelos meios e no momento que decidirmos. Também poderemos neutralizar as armas usadas, independente de quem seja o inimigo.”

Oficialmente, portanto, o exército francês apenas responderá aos ciberataques que sofrer, neutralizando, por exemplo, mensagens de propaganda e destruindo, à distância, a fonte que as enviou. Mas os militares poderão utilizar métodos de luta informática que vão além das táticas clássicas usadas até agora. A França irá, por exemplo, “extrair dados”, “enganar” o inimigo, além de “reduzir ou destruir” as capacidades de ciberguerra dos Exércitos rivais.

Rússia: inimigo não declarado

De acordo com Florence Parly, entre 2017 e 2018, o ministério da Defesa francês foi alvo de um ataque informático atribuído a “Turla”, um vírus supostamente desenvolvido por uma agência governamental russa. “Um inimigo queria ter acesso direto às caixas de entrada de emails de 19 funcionários do ministério”, afirmou a ministra.

Ao contrário dos ingleses, que usam a acusação pública como contra-ataque, a França preferiu permanecer discreta em suas suspeitas. Florence Parly falou em “Estados indiscretos”, numa referência à Rússia, que a ministra acusou de espionagem por satélite em setembro de 2018.

A lei da programação militar 2019-2025 vai reservar € 1,6 bilhão na luta do ambiente virtual e prevê a criação de 1.500 vagas nessa área. No total, o número de “soldados digitais” será de 4.000, contra 3.000 atualmente.