Topo

Europa se sente aliviada com novo acordo do Brexit, mas pede prudência

18/10/2019 09h05

Nesta quinta-feira (17), o Reino Unido deu mais um passo em direção à saída do país da União Europeia. Porém, o pacto fechado em Bruxelas entre o primeiro-ministro britânico Boris Johnson e o bloco europeu não significa que o processo chegou ao fim e que no dia 31 de outubro, prazo do Brexit, o divórcio entre os dois lados irá se concretizar.

Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

 

A prova de fogo ainda está por vir. No sábado, 19, o Parlamento britânico vai debater e votar o novo acordo em uma sessão extraordinária. Será a primeira vez que a Câmara dos Comuns vai funcionar em um sábado, desde a Guerra das Malvinas, em 1982. A vitória para Boris Johnson não está garantida. Além de não ter maioria na Casa, a resistência ao pacto é grande.

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, o principal opositor do premiê britânico, criticou o novo acordo dizendo que "é ainda pior do que o anterior" apresentado pelo governo de Theresa May. Outra voz importante do Parlamento britânico, a líder dos Liberais Democratas, Jo Swinson, disse que "Boris Johnson conseguiu negociar algo que é ainda pior para a economia do país".

Dois outros partidos, o Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte (DUP) e o Partido Nacional Escocês (SNP) já avisaram que vão votar contra o pacto. O líder do Partido do Brexit no Reino Unido, Nigel Farage, pediu aos deputados britânicos para se oporem ao acordo firmado entre Londres e Bruxelas, por considerar que a nova proposta não permite uma verdadeira separação da União Europeia.

Esta será a quarta vez que o Parlamento britânico se reúne para votar um acordo do Brexit. Nas três últimas vezes, a proposta foi amplamente rejeitada. Caso ela não seja for aprovada, Boris Johnson será obrigado a cumprir a lei Benn, que o obriga a pedir um adiamento do Brexit para evitar uma saída sem acordo no dia 31 de outubro.

O novo pacto do Brexit, aprovado por unanimidade pelos 27 líderes do bloco europeu, na quinta-feira (17), contém a essência do documento apresentado pelo governo de Theresa May, em novembro do ano passado. No entanto, dois pontos importantes foram modificados: as garantias para evitar o retorno de uma fronteira na Irlanda e uma declaração política, delineando a futura relação entre Reino Unido e União Europeia. O presidente francês, Emmanuel Macron, elogiou o "bom compromisso" mas ressaltou "a legítima prudência" porque o Parlamento britânico pode mais uma vez recusar.

Para que o acordo do Brexit entre em vigor, será preciso a aprovação do Parlamento Europeu e do Parlamento britânico, além da ratificação de todos os chefes de Estado e governo envolvidos. Mas outros cenários também são possíveis, como o adiamento do Brexit para final de janeiro de 2020 e até mesmo um segundo plebiscito sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia.