Depois de "Lula Livre", Dilma e Mercadante lançam campanha internacional "Volta Lula"
Durante reunião em Buenos Aires realizada hoje, petistas lançam campanha internacional "Volta Lula", inspirada na vitoriosa campanha do peronista Alberto Fernández na Argentina. Lula envia vídeo no qual avisa que quer combater o lado podre da Justiça, da Polícia e da Imprensa brasileira.
Dilma Rousseff interpreta que o retorno da centro-esquerda na Argentina marca um novo caminho para a volta da esquerda ao poder na América Latina. "A vitória de Alberto Fernández e Cristina Kirchner abre um caminho de retorno e de esperança, sobretudo de transformação novamente, na América Latina", celebrou a ex-presidente do Brasil na abertura da reunião do recém criado Grupo de Puebla que reúne líderes da esquerda latino-americana que pretendem frear a onda de direita que ganhou eleições na região desde 2015.
"Estou feliz porque, para nós da América Latina, a eleição de Alberto Fernández muda as condições porque reverte a onda conservadora que nos atacou.", acrescentou Dilma, para quem "a região está diante de um fenômeno que se manifesta no Chile e no Equador.
"O povo da América Latina diz basta e mostra ao que leva o processo neoliberal de exclusão social, de perda de direitos, de precarização do trabalho e perda do direito de aposentadorias decentes", avaliou.
"A primeira reunião do Grupo de Puebla (em julho passado na cidade mexicana de Puebla) festejou a eleição de (Andrés Manuel) López Obrador no México. Esta segunda reunião, a vitória de Alberto Fernández. Espero que a próxima reunião tenha novos progressistas eleitos na América Latina", projetou.
Depois de "Lula Livre", "Volta Lula"
O ex-ministro da Educação, da Ciência e Tecnologia e Chefe da Casa Civil de Lula e de Dilma Rousseff, Aloízio Mercadante, lançou a campanha "Volta Lula" como a nova fase de luta depois de "Lula Livre".
"Eu disse ontem para Lula, quando ele ligou para falar comigo e com a Dilma, que agora precisamos criar o gesto de 'Volta Lula'. Para os peronistas, o V é o símbolo da volta ao poder (primeiro de Juan Domingo Perón, agora Cristina Kirchner). Era Perón Volta, agora é Volta Lula", anunciou Aloízio Mercadante, fazendo com os dedos de uma mão o clássico L (de Lula) e com os dedos da outra o V (de Volta).
"Mais importante do que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) é a votação do Habeas Corpus que também está no STF, onde reivindicamos que o juiz Sergio Moro não foi imparcial. Teve uma atitude incompatível com o Código de Processo Penal. Temos convicção de que esse julgamento será anulado", indicou Mercadante em diálogo com a RFI.
O Código de Processo Legal brasileiro determina a anulação do inquérito quando fica comprovada a falta de isenção do juiz durante o processo. Ao ter sido condenado em duas instâncias, Lula foi alcançado pela Lei da Ficha Limpa, aprovada em 2010, através da qual um condenado em um tribunal colegiado (segunda instância) não poderá ser candidato a cargos públicos por oito anos.
"O plano é lutar pela anulação do processo e que ele tenha pleno direito de se apresentar como candidato às eleições", avançou. Para Mercadante, a vitória de Alberto Fernández "é um sopro de esperança democrática na região". "Um vento novo que pode inspirar toda a região", apostou.
Gratidão eterna
O referente do Partido dos Trabalhadores também agradeceu ao presidente eleito, Alberto Fernández, por ter ido, durante a campanha, visitar Lula na prisão. Emocionado, Mercadante também agradeceu pelo pedido de liberdade de Lula no discurso de vitória há duas semanas, levando milhares de militantes a gritar "Lula Livre". O pedido irritou o presidente Jair Bolsonaro.
"Presidente Alberto, a sua ida a visitar Lula durante a sua campanha jamais será esquecida", disse Mercadante com a voz embargada. "Quando você precisar do PT, nos momentos mais difíceis que enfrentar, você terá os nossos companheiros em qualquer cenário da Argentina", retribuiu.
O apoio do PT, acrescentou Mercadante, será inclusive para impedir que o presidente Bolsonaro queira romper com o Mercosul.
O presidente Jair Bolsonaro ameaça romper com o bloco se a Argentina tiver uma postura protecionista contra a tendência de abertura comercial aplicada pelo governo de Mauricio Macri, que deixa o poder na Argentina em 10 de dezembro. Bolsonaro não cumprimentou Fernández pela vitória e avisou que não irá à posse do novo presidente. Fernández, por sua vez, convidou Lula para a posse.
"Vamos trabalhar muito para que essa união entre Brasil e Argentina não se rompa. Essa união é o eixo da unidade da América do Sul", defendeu Alberto Fernández.
Lula contra podridão na Justiça e na Imprensa
O ex-presidente Lula enviou um vídeo a líderes da esquerda latino-americana reunidos em Buenos Aires, no qual diz estar com muita disposição de lutar contra o lado podre da Justiça, da Polícia e da Imprensa brasileira.
"Estou com muita disposição de andar pelo Brasil, com muita vontade de viajar pela América Latina. E estou com muita disposição de combater o lado podre do Poder Judiciário, o lado podre da Polícia Federal, o lado podre da Receita Federal, o lado podre do Ministério Público e o lado podre da imprensa brasileira", avisou Lula em vídeo.
"Finalmente estou livre", anunciou. "E estou com muito desejo de lutar", prosseguiu.
Lula disse aos líderes da esquerda regional que "continua com o sonho de construir uma grande América Latina" e também apostou na vitória de Alberto Fernández como "exemplo para outros países da região".
"Agradeço a Fernández por ter ganho a eleição. Foi como se eu tivesse ganho aqui no Brasil", comparou Lula.
Depois da participação virtual de Lula, o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, revelou que na visita que fez a Lula na prisão, em julho passado, Lula deu-lhe uma ordem: "Você tem de ganhar na Argentina".
"Então, eu cumpri, Lula. Ganhei na Argentina. E vamos colocar a América Latina de pé", anunciou.
Conversa com Macron
Alberto Fernández também revelou que conversou neste sábado com o presidente francês Emmanuel Macron. "Eu disse ao presidente Macron que, com Lula Livre, sopram outros ventos no Brasil. E disse-lhe que confio nesses ventos", em alusão a uma mudança em relação à atual política do governo Bolsonaro.
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