China relata mais 17 casos de vírus misterioso; contágio pode ter vindo por animais
A China relatou 17 novos casos do misterioso vírus similar ao da Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS), o que aumenta os temores diante das férias do Ano Novo Lunar da China, quando milhões de pessoas viajam pelo país.
Esta nova cepa de coronavírus causou alerta pela semelhança com os sintomas da SARS, altamente contagiosa. A síndrome matou quase 650 pessoas na China continental e em Hong Kong entre 2002 e 2003.
Dos 17 novos casos na cidade de Wuhan - considerada epicentro do surto -, três foram registrados como "graves". As autoridades locais informaram que o vírus já infectou 62 pessoas. Há oito pacientes em estado grave, 19 curados que receberam alta do hospital, e o restante está sendo mantido em quarentena enquanto recebe tratamento.
Até agora, duas pessoas morreram pelo vírus. A última delas foi um homem de 69 anos, falecido na quarta-feira passada (15) e que havia adoecido no dia 31 de dezembro.
As autoridades disseram ter começado a fazer exames "otimizados" dos casos de pneumonia em toda cidade para identificar os infectados com o vírus e que começarão o "trabalho de detecção de casos suspeitos na cidade".
Mais casos do que os revelados?
Hoje, o governo afirmou que alguns dos novos casos "não têm antecedentes de contato" com a feira de mariscos que, acredita-se, tenha sido o núcleo do surto na China. As autoridades de Wuhan indicaram, entretanto, que alguns dos pacientes não tiveram qualquer contato com essa feira.
Cientistas britânicos do Imperial College de Londres, que prestam consultoria para a Organização Mundial da Saúde (OMS), avaliaram, em um artigo publicado na sexta-feira (17), que o vírus já contaminou muito mais pessoas do que revelaram as autoridades chinesas. Eles afirmaram que um número de cerca de 1,7 mil pessoas é mais próximo da realidade, de acordo com as informações de que dispunham até 12 de janeiro.
Vírus antigo que pode ter contaminado o homem através de animais
Outros três casos foram registrados na Tailândia e no Japão. "Trata-se de um novo coronavírus, uma espécie de vírus muito comum na espécie humana e que em geral dá origem a infecções respiratórias benignas, como gripes no cérebro, por exemplo", explica à RFI Patrick Berche, professor emérito de microbiologia da Universidade de Paris e diretor do Instituto Pasteur de Lille. "É um novo vírus que deve existir há centenas de milhares de anos, provavelmente, e agora chegou ao homem por um contato epidemiológico incomum", avalia o cientista.
Berche lembra que esse tipo de vírus é encontrado nos mamíferos e pássaros, mas é provável que tenha chegado ao homem depois de contaminar animais que se alimentam de peixes, como gatos ou roedores. "Entretanto, por enquanto, não há qualquer indicação clara sobre a origem desse vírus", ressaltou.
Desde sexta-feira, os aeroportos americanos de Nova York, Los Angeles e São Francisco controlam a chegada de voos de Wuhan, com um questionário específico e tomada de temperatura dos passageiros. Já as autoridades de Hong Kong reforçaram suas medidas de detecção nas fronteiras do território autônomo.
Com informações da AFP
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