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Imposição da reforma da Previdência sem votação na Assembleia gera protestos na França

03/03/2020 15h45

Milhares de opositores da reforma da Previdência se manifestaram nesta terça-feira (3) em Paris e em várias cidades francesas contra a provável adoção do projeto de lei do governo que cria um sistema de pontos "universal" para as aposentadorias. 

Milhares de opositores da reforma da Previdência se manifestaram nesta terça-feira (3) em Paris e em várias cidades francesas contra a provável adoção do projeto de lei do governo que cria um sistema de pontos "universal" para as aposentadorias. 

Foi mais um dia de mobilização no país, motivado em particular pela decisão do governo Macron de recorrer a um artigo da constituição a fim de aprovar o texto sem votação da Assembleia.

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Em Paris, uma marcha reuniu 20 mil pessoas entre a Praça da República e a igreja da Madeleine. O protesto foi convocado pelas principais centrais sindicais do país e por organizações de jovens.

"O governo procurou pegar todos os franceses de surpresa no fim da tarde de um sábado anunciando o uso do 49-3, nos forçando a reagir rapidamente" disse Catherine Perret, da CGT, em referência o número do artigo constitucional que permite a adoção do texto sem o voto dos parlamentares, a menos que seja derrubado por uma moção de censura.

"Todos ficaram surpresos no sábado, quando descobrimos por acaso, clandestinamente, essa decisão absolutamente incompreensível", reiterou Yves Veyrier, da Força Operária.

Em Marselha, no Sul do país, milhares de franceses responderam ao chamado feito por organizações sindicais, incluindo o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez.

"As pessoas estão furiosas, estamos numa república e não numa ditadura. O presidente Macron não ganhou um cheque em branco para cinco anos. Ele não está lá para impor sua vontade a todos, independente das instituições da república", disse um manifestante à RFI.

Houve atos públicos também em Lille, no norte da França, onde cerca de 400 pessoas se reuniram no centro da cidade.

Em Rennes, na região da Bretanha, 80 advogados organizaram uma "marcha fúnebre" pelas ruas do centro da cidade, carregando um caixão e uma coroa onde se podia ler "à nossa amada Justiça".

Em Bordeaux, no sudoeste da França, mil pessoas se reuniram em frente à prefeitura.

Oposição apresentou moção de censura

A oposição (tanto de direita como de esquerda) apresentou duas moções de censura, que deverão ser votadas no Parlamento ainda nesta terça-feira, onde o governo tem maioria.

Essas moções foram apresentadas por grupos de oposição após o apelo surpresa do governo pelo artigo 49-3 no debate sobre a reforma da Previdência. Ao fazer uso dessa ferramenta constitucional que permite que o texto seja adotado sem votação, o primeiro-ministro Edouard Philippe explicou que queria encerrar um "não debate".

"Vamos votar a moção de censura que solicita a retirada definitiva desta reforma", disse a presidente do partido de extrema direita RN, Marine Le Pen. "Emmanuel Macron e Edouard Philippe governam sem o povo", acrescentou.

Contudo, as duas moções de censura não têm chances de serem aprovadas. Nem os conservadores e nem esquerda têm votos suficientes para alcançar a maioria dos 289 votos necessários para derrubar o governo.

Durante a reunião semanal dos deputados do República em Marcha, do presidente Emmanuel Macron, Edouard Philippe pediu que os parlamentares "permanecessem unidos", evocando "um período de intenso combate político, às vezes muito difícil, inclusive fisicamente", segundo as palavras do primeiro-ministro.

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