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Franceses têm apenas 5 motivos autorizados para sair de casa durante isolamento contra o Covid-19

17/03/2020 07h31

Depois da Itália e da Espanha, a França adotou medidas rígidas de isolamento da população a partir de 12h (8h em Brasília) desta terça-feira (17) para conter a propagação do coronavírus. Em 24 horas, o país teve mais 1.210 casos confirmados da nova doença e 21 mortes adicionais. No total, a França registra 148 mortes e 6.633 desde o início da epidemia.

Os deslocamentos foram restringidos "ao essencial" nos próximos 15 dias. O governo estabeleceu um certificado com cinco motivos que podem levar os franceses a sair de casa.

O documento deve ser impresso ou escrito à mão, datado e assinado a cada vez que a pessoa tiver necessidade de deixar seu domicílio. As cinco razões de deslocamento toleradas são as seguintes:

Por motivo profissional

Os franceses que não puderem trabalhar à distância, no sistema de "home office", devem circular apenas entre a casa e o local de trabalho munidos de um certificado emitido pelo empregador. "Nosso país não deve parar completamente", disse o ministro do Interior, Christophe Castaner, ao explicar as medidas de isolamento. "Exceções podem ser toleradas para trajetos entre casa e trabalho, quando esses deslocamentos forem essenciais para atividades que não podem ser interrompidas ou organizadas na forma de 'home office'", disse o ministro.

Nas empresas em que a atividade profissional à distância é impossível, "o empregador deve implementar medidas preventivas de proteção" de contágio do Covid-19, como uma distância mínima de um metro entre os colaboradores e o fornecimento de desinfetantes, como o gel hidroalcoólico, especificou a porta-voz do governo francês, Sibeth Ndiaye. 

Compra de produtos de primeira necessidade

A compra de alimentos e outros produtos básicos fazem parte, obviamente, das saídas autorizadas, desde que justificadas por um certificado.

Nos últimos dias, o temor de um isolamento prolongado provocou uma corrida aos supermercados. Desde o final de semana, muitos estabelecimentos comerciais, como padarias, açougues e mercearias, adotaram o sistema de filas nas calçadas e um número reduzido de pessoas no interior das lojas para respeitar a distância preventiva de um metro entre os consumidores, como recomendou o presidente Emmanuel Macron.

Cuidados médicos

As saídas para atendimento médico, exames laboratoriais inadiáveis e compra de remédios nas farmácias continuam autorizadas. O paciente deve, entretanto, preencher o certificado oficial e sair munido das receitas.

Parentes idosos e dependentes

O ministro do Interior repetiu e martelou: o mais importante é "ficar em casa". Visitas ou refeições com amigos, mesmo em pequeno número, são vetadas. As exceções toleradas são por "razões familiares convincentes", como a assistência a parentes idosos ou dependentes.

Para pais separados, os trajetos entre as duas residências seguem autorizados por motivo de guarda alternada ou compartilhada dos filhos.

Pets e outros amigos

Quem tem cachorros pode continuar levando os pets para passear no bairro, sempre acompanhado da declaração oficial estabelecida pelo governo. "Todos devem fazê-lo respeitando os gestos para evitar o contágio do coronavírus, sem se encontrarem em grupo", insistiu o ministro do Interior. As conversas entre donos de cachorros nas calçadas estão proibidas.

Em seu pronunciamento à nação na noite de segunda-feira (16), o presidente Emmanuel Macron declarou que a França "está em guerra" contra a epidemia de coronavírus. Cerca de 100.000 policiais e militares estão nas ruas, a partir de hoje, para controlar o estrito cumprimento das regras de isolamento.

Os infratores surpreendidos sem o documento justificando sua saída de casa estão sujeitos a uma multa. O montante atual de € 38 euros (R$210,65) será reajustado para € 135 (R$748,38), anunciou o ministro do Interior.