Protesto contra morte de negro na França acaba em confrontos e 18 presos
Dezoito pessoas foram detidas ontem em Paris, após o protesto que reuniu 20 mil pessoas pedindo justiça no caso do jovem negro francês Adama Traoré, morto há quatro anos em condições similares às do americano George Floyd.
A direita condenou hoje a manifestação, proibida na véspera pela polícia. "Inadmissível", declarou o senador Bruno Retailleau à uma TV, lembrando que os agrupamentos de mais de dez pessoas estão proibidos por causa da crise sanitária.
"A violência não tem lugar na democracia", declarou o ministro do Interior francês, Christopher Castaner, na noite de ontem. Ele também felicitou as forcas de segurança pelo sangue frio e domínio da situação.
Desafio ao estado de emergência
A manifestação foi convocada pelo comitê de apoio à família de Traoré. O ato tinha sido proibido pela polícia, devido ao estado de emergência decretado por causa da epidemia de coronavírus, mas acabou transcorrendo de forma pacífica praticamente até o final, quando cenas de vandalismo foram vistas nas redondezas.
Quando os manifestantes começavam a se dispersar, aconteceram os primeiros confrontos com a polícia, que respondeu aos projéteis com tiros de flashball e bombas de gás lacrimogênio. Os participantes do protesto se dispersaram pelas ruas vizinhas e no bulevar periférico que cerca a capital francesa, onde centenas deles bloquearam parcialmente a passagem dos veículos. Nas ruas foram erguidas barricadas e algumas bicicletas foram incendiadas.
Morte de Traoré lembra caso George Floyd
Traoré tinha 24 anos quando morreu. A investigação judicial concluiu que ele sofria de uma doença cardíaca pré-existente, que teria causado sua morte, mas um relatório de peritos independentes contratados pela família concluiu que ele morreu devido ao peso dos três policiais que o mantiveram de bruços, pressionando o corpo do jovem, durante a operação de detenção.
As circunstâncias similares da morte de George Floyd, nos Estados Unidos, reacende o debate sobre o racismo e a brutalidade da polícia francesa. A irmã da Adama, Assa Traoré, diz que o jovem também morreu asfixiado por policiais e no dia de seu aniversário.