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Itália poderá acolher migrantes resgatados por navio humanitário em estado de emergência

05/07/2020 08h05

A Itália começou a testar os 180 migrantes resgatados pelo navio humanitário Ocean Viking no Mediterrâneo, e poderia transportá-los na segunda-feira (6) para um navio de quarentena, atracado na Sicília. A embarcação aguarda no mar há uma semana que um país lhe conceda um porto para desembarcar.

De acordo com informações de uma fonte do Ministério do Interior italiano, membros de uma equipe médica enviada pelas autoridades para o porto siciliano de Pozzallo "estabeleceram a ausência de problemas sanitários específicos" e também relataram que as tensões registradas no navio, da organização SOS Mediterranean, teriam reduzido.

A equipe médica está testando os migrantes para verificar se estão infectados com o novo coronavírus. Depois disso eles serão transferidos a bordo de um navio de quarentena atualmente em Porto Empedocle, na costa sul da Sicília.

"A situação está sendo monitorada para a transferência de migrantes, prevista para segunda-feira, 6 de julho, no Moby Zaza", segundo a mesma fonte.

Emergência

O Ocean Viking declarou "estado de emergência" na sexta-feira, um evento sem precedentes, devido à tensão dentro do barco e das condições de saúde dos migrantes. Desde quinta-feira, várias brigas foram relatadas, principalmente entre grupos étnicos, além de seis tentativas de suicídio.

Na última quinta (2), dois migrantes tentaram jogar-se ao mar, e na sexta (3) houve uma outra tentativa de suicídio, além de uma briga entre vários refugiados antes da distribuição do café da manhã, segundo um jornalista da AFP que está a bordo.

Segundo a organização SOS Mediterranean, a segurança dos migrantes e da tripulação não podia ser garantida.

Os 180 migrantes, incluindo paquistaneses, norte-africanos, eritreus e nigerianos, foram resgatados pelo navio SOS Mediterranean em quatro operações separadas, nos dias 25 e 30 de junho. Entre eles, 25 são menores de idade.

O Ocean Viking está atualmente na costa da Sicília. Ao longo da semana, o comandante pediu sete vezes permissão para desembarcar na Itália e em Malta, e ambos os países responderam com uma negativa.

Um grupo de 44 migrantes, incluindo tunisianos, egípcios e marroquinos estão em situação de "grave estresse psicológico", e a administração do navio pede sua imediata evacuação médica. Esse grupo já teria se envolvido em sérias brigas a bordo.

"Não me sinto seguro, temos que encontrar um porto", disse à AFP Ludovic, um dos tripulantes mais experientes, acrescentando "nunca ter visto tanta violência" a bordo de uma embarcação.

A SOS Mediterranée opera nas águas do Mediterrâneo há mais de quatro anos, inicialmente com o navio "Aquarius".

Com informações da AFP.