Crônica semanal do analista político Thiago de Aragão sobre as eleições americanas
O Presidente Donald Trump começa a dar indícios de que sua certeza que reverteria o resultado eleitoral já não existe mais. Comentários dúbios e incertezas em relação ao avanço de seu processo demonstram que a saída já está sendo planejada.
Biden anunciou nomes importantes para seu gabinete, mas muitos outros ainda faltam. Antony Blinken será o secretário de Estado. Terá um papel crítico na reconstrução da diplomacia imaginada por Biden. A diplomacia terá um papel crítico nessa administração pois terá de passar por uma reconstrução antes de iniciar uma implementação. Essa reconstrução mira, primordialmente a União Européia, Canadá, Japão, Austrália, Coréia do Sul e Índia.
A União Européia já demonstra alívio pela saída de Trump. Está disposta a trabalhar com Biden em múltiplas frentes: Covid-19, transição energética, mudança climática e fortalecimento de organismos multilaterais. A China não está sendo explicitamente colocada pela UE como um foco, mas se encaixa em todas essas vertentes principais com o qual já estão dispostos a trabalhar.
O Canadá será novamente um aliado primordial para os EUA na administração Biden. A cooperação no âmbito da inteligência sempre seguiu forte, mas agora terá um papel mais forte, já que a integração entre a Casa Branca e os orgaos de inteligência deverá ser mais forte do que o que existe entre Trump e esses órgãos.
O Japão passa a ser um aliado ainda mais importante por conta da estratégia asiática de contenção da China. O Japão já faz parte do da aliança militar naval (Quad - EUA, Austrália, Japão e Índia) e está sendo cogitado para integrar o "5 Eyes", cooperação de inteligência entre EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
A Austrália tem sua importância consolidada dentro do "5 Eyes" e do "Quad", mas também é um país estratégica para os EUA dentro do contexto asiático, principalmente de controle e ocupação de espaço crítico no Oceano Índico (para fins de neutralização da China). A Austrália também é o país que, depois dos EUA, mais problemas possui com a China.
A Coréia do Sul também traz um elemento estratégico importante em relação à China, principalmente no Mar do Leste da China, que aumenta de importância a medida que o Mar do Sul da China se torna uma zona mais conturbada. Já a Índia, é um desejo americano de ter dentro da sua esfera de influência e alianças estratégicas. Historicamente um importante aliado e consumidor militar da Rússia, a Índia já faz parte do "Quad" e recentemente firmou uma parceria bilateral com os EUA de troca de inteligência e acesso mútuo aos seus bancos de dados.
Com isso, a estratégia dos EUA durante a administração Biden em relação à China visa uma abordagem multilateral, onde a diplomacia ocupa um papel-chave na construção dessas alianças e coordenação. O Oceano Índico e o leste asiático serão as regiões mais importantes dentro dessa estratégia e esses países terão um papel preponderante.
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