França proíbe manifestação pró-palestina e acirra debate sobre conflito israelo-palestino
O conflito no Oriente Médio reverbera com força na França, principalmente depois da interdição de uma manifestação pró-palestina em Paris. A crise israelo-palestina "inflama a classe política francesa", destaca Le Parisien nesta sexta-feira (14).
O ato em apoio aos palestinos estava previsto para este sábado (15) e foi proibido pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin, nessa quinta-feira (13), que alegou "os riscos de ameaças à ordem pública". As autoridades francesas querem evitar as cenas de violência registradas em 2014 durante um protesto contra a ofensiva israelense à Faixa de Gaza da época.
A atual escalada de tensões entre Israel e o Hamas, que controla o território palestino, provoca reações acaloradas tanto da esquerda quanto da direita francesa, informa Le Parisien. O fato não é novo, a cada confronto no Oriente Médio, o conflito israelo-palestino interfere na vida política francesa.
Esquerda denuncia estigmatização da causa palestina
Agora, as reações começaram imediatamente após o início da violência na esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, no último final de semana, que foi seguida pelos tiros de foguetes do Hamas contra Israel e os ataques do exército israelense contra a Faixa de Gaza. O senador comunista Pierre Laurent, citado pelo Le Parisien, denunciou a "colonização sistemática e ilegal de Jerusalém Oriental pelo poder extremista de Netanyahu, por um exército de ocupação e por colonos fanáticos".
A decisão do governo francês de proibir a manifestação pró-palestina em Paris só acirrou os ânimos, principalmente da esquerda radical. "A França é o único país do mundo onde todas as manifestações de apoio aos palestinos e de protesto contra o governo de extrema direita israelense são proibidas. O único objetivo dessa decisão é provocar incidentes e estigmatizar essa causa", acusou o líder do partido França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, em um tuíte, reproduzido pelo jornal.
A Associação Palestinos da região parisiense, que convocou o ato, fala "em provocação, ataque à democracia e cumplicidade da França com o Estado de Israel". A entidade vai entrar com recurso na justiça nesta sexta-feira (14) contestando a proibição, informa Le Monde.
Direita apoia Israel
Já os líderes do partido Os Republicanos, de direita, apoiaram a interdição da manifestação e os comentários mais numerosos foram em apoio a Israel, aponta Le Parisien. A presidente conservadora da região Île de France, onde está localizada Paris, Valérie Pécresse, chamou o Hamas de grupo terrorista e disse que a reação de Israel é legítima. Ela espera que as partes respeitem o direito internacional e retomem o caminho da paz. Muitos deputados da maioria no poder também condenaram os foguetes do Hamas lançados contra Israel.
De acordo com o diário, o presidente Emmanuel Macron, consciente do caráter ultrassensível da situação, publicou um comunicado nessa quinta-feira condenando com firmeza "os tiros de foguetes reivindicados pelo Hamas e outros grupos terroristas contra o território israelense, que colocam em risco a população e violam a segurança de Israel".
Macron teve uma conversa pelo telefone com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e prevê ainda uma discussão com o premiê Benjamin Natanyahu para frisar a "urgência em relançar decisivamente as negociações e retomar a paz". O presidente francês, que afirma sua vontade de contribuir para o respeito das aspirações legítimas dos dois lados, adota "uma posição de equilibrista", avalia Le Parisien.
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