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"Sair do Afeganistão era a melhor decisão para os EUA", defende Biden ao elogiar sucesso da missão

31/08/2021 18h24

No dia seguinte à partida de Cabul do último soldado americano, após 20 anos de presença militar dos Estados Unidos no Afeganistão, o presidente Joe Biden destacou "o extraordinário sucesso" da missão de retirada de cidadãos americanos e daqueles que ajudaram os EUA.

Em um discurso televisionado a partir da Casa Branca, na noite desta terça-feira (31), o presidente rejeitou as críticas à sua decisão de não adiar a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, mesmo reconhecendo que nem todos os cidadãos americanos presentes em solo afegão puderam sair.

Biden relatou que entre 100 e 200 americanos ainda estavam no Afeganistão "com a intenção de sair" e se comprometeu a ajudar aqueles que ainda desejarem deixar o país. A maior parte dessas pessoas, acrescentou, tem dupla nacionalidade e eram residentes de longa data que decidiram ficar.

"O resultado é que 90% dos americanos que se encontravam no Afeganistão e queriam sair puderam sair ", disse ele. "Para os americanos que ficaram, não há data limite. Continuaremos determinados a retirá-los se quiserem sair ", sublinhou.

Interesse nacional

O democrata salientou que deixar o Afeganistão era "a melhor decisão para os Estados Unidos". O que importa é "o interesse nacional", disse ele, reiterando que o Afeganistão não poderia "ser usado como ponte de ataque para a nossa casa", frisou.

"Eu lhes dou a minha palavra, do fundo do meu coração. Não tenho dúvidas de que esta é a decisão certa, uma decisão sábia e a melhor decisão para a América", disse o presidente, em discurso solene.

US$ 300 milhões por dia de guerra

De acordo com o presidente, os EUA tinham que optar entre a "saída ou uma escalada" militar no Afeganistão. "Nossa obrigação é defender e proteger a América contra as ameaças do século XXI e de amanhã", afirmou. Biden explicou não acreditar que enviar mais soldados e gastar mais dinheiro numa guerra que custava "US$ 300 milhões por dia" seria a saída mais adequada. "O mundo está mudando", completou, dizendo que lutaria contra ataques de radicais onde fosse preciso. Mas "a guerra no Afeganistão acabou".

Alerta aos radicais

Joe Biden fez uma advertência ao grupo Estado Islâmico do Afeganistão: "ainda não terminamos com vocês".

O presidente também destacou o papel desempenhado por seu predecessor, Donald Trump, na situação atual. O acordo da administração Trump com o Talibã permitiu "a libertação de 5.000 prisioneiros no ano passado, incluindo alguns dos principais oficiais do Talibã, que agora assumiram o controle do país", frisou.

"Quando assumi o cargo, o Talibã estava militarmente em sua posição mais forte desde 2001, já que controlava quase metade do país", disse o presidente.

Joe Biden disse que a data de 31 de agosto não era "uma data arbitrária", mas que ela havia sido escolhida "para salvar vidas".

Assumindo responsabilidade

"Eu assumo a responsabilidade pela decisão. Alguns dizem que deveríamos ter iniciado as evacuações em massa mais cedo e perguntam se isso não poderia ter sido feito de forma mais organizada. Eu, respeitosamente, discordo deles", afirmou o presidente dos Estados Unidos.

"Não iria manter uma guerra para sempre", reforçou, dizendo que havia seguido recomendações unânimes para essa decisão. Mesmo se a retirada tivesse começado em junho ou julho "ainda haveria correria ao aeroporto" de pessoas que desejassem partir, observou Biden.

A partida das últimas tropas americanas na segunda-feira (30) do Afeganistão, 16 dias após a tomada da capital Cabul pelo Talibã, encerrou duas décadas de guerra e da presença dos Estados Unidos em solo afegão, um engajamento militar ao qual Joe Biden estava determinado a terminar.

"Eu me recuso a continuar uma guerra que não é de interesse do nosso povo", concluiu o presidente.