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Mulheres sudanesas vão às ruas denunciar estupros durante manifestações

23/12/2021 12h57

Mais de mil mulheres sudanesas foram às ruas nesta quinta-feira (23) protestar contra o estupro, depois que a ONU relatou 13 denúncias de violência sexual durante as grandes manifestações no último domingo (19) pelo no terceiro aniversário da "revolução" - que derrubou o ditador Omar el-Béchir do poder - e contra o atual golpe de Estado no país.

"Os estupros não vão nos impedir", "As mulheres sudanesas são mais fortes e recuar é impossível", pode-se ler nas faixas, enquanto milhares de manifestantes continuam a tomar as ruas regularmente contra o poder militar que reforçou seu domínio sobre este grande país do leste africano, com o golpe de 25 de outubro.

Cerca de 150 manifestantes enviaram uma carta à representação em Cartum do escritório local de direitos humanos das Nações Unidas, exigindo justiça para as manifestantes estupradas em 19 de dezembro, mas também para as sudanesas vítimas de estupros ou de estupros coletivos desde o início, em 2003, da guerra em Darfur, no oeste do país.

Cerca de 1,5 mil pessoas, a maioria mulheres, também protestaram em Omdourman, um subúrbio a noroeste de Cartum, observou o jornalista da AFP.

Cerca de 50 organizações da sociedade civil chamaram à mobilização em cerca de 15 cidades do país onde a ONU relata regularmente casos de "violência sexual", perpetrados principalmente pelas forças de segurança ou pelos seus auxiliares paramilitares em Darfur.

Uso da violência sexual como arma

A ONU afirmou ter identificado "13 casos de mulheres e meninas vítimas [de violência sexual]", durante as manifestações de domingo, e "denúncias de assédio sexual pelas forças de segurança contra mulheres que tentaram fugir da área ao redor do palácio presidencial naquela noite ".

O relator especial da ONU para a liberdade de associação, Clément Voule, também pediu "que as autoridades responsabilizem os autores de estupros e violência sexual". Além disso, as embaixadas do Canadá, da União Europeia, da Noruega, da Suíça, do Reino Unido e dos Estados Unidos condenaram "o uso da violência sexual ou de gênero como arma para deter os protestos femininos e silenciá-los".

Entre as vítimas, pelo menos uma apresentou queixa, afirmou Souleima Ishaq, diretora da unidade contra a violência contra a mulher do Ministério do Desenvolvimento Social.

(Com informações da AFP)