Kremlin reconhece morte de 1.351 soldados na Ucrânia, em meio a rumores sobre despreparo de Exército russo
A Rússia reconheceu nessa sexta-feira a morte de 1.351 soldados desde o início da ofensiva militar na Ucrânia e acusou os países ocidentais de cometerem um « erro » ao entregar armas a Kiev. O ministério da Defesa russo também informou sobre uma reorientação de suas ações, em meio a rumores sobre despreparo de tropas russas para invasão da Ucrânia.
Esta é a segunda vez que o Kremlin fornece números oficiais sobre as mortes de soldados. No entanto, o número é bem inferior ao balanço feito pela Otan e pelas autoridades ucranianas.
Desde o início da intervenção "1.351 militares morreram e 3.825 ficaram feridos", declarou o chefe adjunto do Estado- maior russo, Serguei Roudskoi, durante uma entrevista coletiva.
O balanço oficial anterior, de 2 de março, informava a morte de 498 soldados russos. Na época, Kiev afirmou que as perdas do lado russo eram muito maiores.
Roudskoi também disse que entregar armas a Kiev era um "erro grosseiro" dos países ocidentais. "Isso prolonga o conflito, aumenta o número de vítimas e não terá nenhuma influência no resultado da operação", afirmou.
Ele acrescentou que a Rússia "responderá em consequência" se a Otan executar a zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, como pede o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, há semanas.
Mudança de planos
O Ministério russo da Defesa indicou também, nesta sexta-feira, que seu Exército se concentraria, a partir de agora, na "liberação" completa do Donbass e não na conquista de toda a Ucrânia, de acordo com a agência russa Interfax.
O Donbass é a região do leste da Ucrânia que conta com uma grande população originária da Rússia. Moscou reconheceu a independência das repúblicas separatistas autoproclamadas de Donetsk e Lugansk, que ficam na região, pouco antes do começo da intervenção militar.
A "liberação" de todo o Donbas, dentro do limite das fronteiras administrativas delimitadas a oeste pelas cidades de Carcóvia, Dnipro e Zaporíjia era, de acordo com o ministério russo da Defesa, citado pela Interfax, uma das opções iniciais da "operação especial" russa. O outro era a conquista de todo o território ucraniano.
O Exército russo controla, atualmente, 93% do território da "república" de Lugansk e 54% de Donetsk, precisou o ministro.
O anúncio da reorientação aparente dos objetivos militares de Moscou coincide com a informação de que as linhas do front não se moveram há dias nas proximidades das grandes cidades cercadas pelo Exército russo.
O ministério da Defesa russo afirmou, no entanto, que o Exército russo tinha atingido "todos os objetivos da primeira fase" de sua operação, de acordo com a agência Tass.
Morte de comandantes
Kiev afirmou nesta sexta-feira ter matado outro general russo durante combates no sul da Ucrânia, de acordo com o conselheiro da presidência ucraniana, Oleksii Arestovytch.
"Nossas tropas (...) mataram o comandante da 49a tropa do distrito sul da Rússia, o general Iakov Rezantsev, em um bombardeio ao aeródromo de Tchornobaivka", situado na região de Kherson (sul), declarou Arestovytch em um vídeo.
Este seria o sexto general russo morto na Ucrânia desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, segundo Kiev, que indicou a morte dos generais Andrei Soukhovetski, Andrei Kolesnikov, Vitali Guerassimov, Oleg Mitiaiev e Andrei Mordvitchev.
A Rússia confirmou apenas a morte do general Soukhovetski, comandante adjunto da 41a tropa, que serviu na Síria entre 2018 e 2019, e também do capitão Andrei Palii, da frota do Mar Negro.
Rumores circulam sobre a morte de outros oficiais russos. A ofensiva, segundo observadores, seria menos eficaz do que o previsto por Moscou. Analistas concordam sobre o impressionante despreparo do Exército russo antes da ofensiva.
Com informações de agências.
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