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Macron se reúne com novo governo em meio às acusações de estupro envolvendo ministro

23/05/2022 06h28

A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, e os novos ministros do governo do presidente francês, Emmanuel Macron, se reúnem pela primeira vez nesta segunda-feira (23) desde a nomeação do novo gabinete e sua reeleição, há um mês. O Conselho de Ministros ocorre em meio às acusações de estupro contra Damien Abad, novo ministro da Soliedariedade, da Autonomia e das Pessoas com Necessidades Especiais e ex-presidente do partido A Republica em Marcha, de Macron, na Assembleia Nacional. 

A denúncia foi publicada no sábado (21) pelo site investigativo francês Mediapart. Duas das supostas vítimas foram entrevistadas pelo jornal e acusam o ministro de estupros cometidos em 2010 e 2011.

Uma delas afirmou até mesmo ter sido drogada pelo então ex-deputado do partido do chefe de Estado, o que levou a Justiça francesa a abrir um inquérito para analisar o caso. Duas das queixas feitas por uma das mulheres já haviam sido arquivadas em 2012 e 2017. 

De acordo com a rádio francesa France Info, a nova primeira-ministra francesa não estava a par das denúncias. Ela  prometeu enfrentar "as consequências" das decisões da Justiça. O lider do partido de esquerda radica A França Insubmissa, Jean Luc Mélénchon, reagiu dizendo que é preciso "antes de mais nada acreditar na palavra das mulheres". 

Segundo o Mediapart, o Observatório das Violências Sexistas e Sexuais em política já havia transmitido à direção dos partidos A República em Marcha (centro) e Os Republicanos (direita) o depoimento de uma das mulheres.

Legislativas

A pauta do primeiro Conselho de Ministros discutirá os principais temas definidos pelo presidente durante a campanha. Entre eles, a situação nas escolas, nos hospitais, a chamada transição ecologica e a luta contra a inflação. 

As eleições legislativas, em junho, também são uma prioridade para o presidente, pois vão determinar seu apoio entre os parlamentares para votar leis polêmicas, como a da Reforma da Previdência. O texto prevê que a idade mínima de aposentadoria passe a ser de 64 ou 65 anos.

Caso a oposição obtenha mais cadeiras na Assembleia Nacional, a extrema esquerda de Jean Luc Mélénchon, que integra a coalizão e teve mais votos na eleição presidencial, poderá decidir reivindicar o cargo de primeiro-ministro, uma caraterística do sistema político na França, conhecido como coabitação. Em 2017, Macron já havia criado uma regra que determina a demissão do governo em caso de derrota de seu partido.