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Sueco Östlund ganha segunda Palma de Ouro com "Triângulo da Tristeza" que polarizou Cannes

28/05/2022 17h58

Fim do suspense no 75° Festival do Cinema de Cannes. O cineasta sueco Ruben Östlund levou neste sábado (28) a Palma de Ouro por "Triângulo da Tristeza", sua segunda premiação. Em 2017, ele ganhou o cobiçado prêmio com "The Square, A Arte da Discórdia".

Como na abertura do festival em 17 de maio, a cerimônia de encerramento neste sábado foi também apresentada pela atriz belga Virginie Efira. Vincent Lindon, em seu discurso antes de revelar os vencedores, elogiou qualidade "impressionante" dos 21 longas-metragens selecionados este ano e lamentou que iria decepcionar vários artistas. Mas a premiação contemplou a maioria dos filmes mais citados durante o festival pelos críticos.

"Triangle of Sadness" (Triângulo da Tristeza) foi um dos longas que mais dividiu a crítica este ano em Cannes. Ele foi desdenhado pelos especialistas franceses e adorado pelos anglo-saxões. Vincent Lindon justificou a escolha da Palma de Ouro dizendo que a obra de Ruben Östlund "impactou" todo o júri.

Como nos outros filmes do cineasta sueco, "Triângulo da Tristeza" se inspira em temas sociológicos, é irônico e revela comportamentos humanos inesperados. Na história, um casal de modelos e influenciadores digitais de sucesso, é convidado para um passeio em um iate de luxo e, uma tempestade modifica as relações de poder a bordo. "Triângulo da Tristeza" sucede a "Titane", da francesa Julia Ducournau.

Iraniana vence prêmio de Melhor Atriz e coreano o de Melhor Ator

As outras recompensas da noite foram mais consensuais.

O prêmio de Melhor Atriz recompensou a iraniana Zahra Amir Ebrahimi. Ela interpretou o personagem principal de "Holy Spider" (A aranha santa), de Ali Abbasi, que denuncia uma série de feminicídios na cidade santa de Mashhad no Irã. Vítima de uma campanha de difamação em seu país, ela teve de fugir de Teerã e hoje vive exilada na França.

O sul-coreano Song Kang-ho, protagonista de "Broker" do cineasta japonês Kore-eda foi consagrado o Melhor Ator. O drama do cineasta japonês sobre bebês abandonados foi filmado na Coreia do Sul e em coreano. Song Kang-ho atuou em "Parasita", filme coreano recompensado com a Palma de Ouro em 2019.

O diretor sueco de origem egípcia, Tarik Saleh, ganhou o prêmio de Melhor Roteiro por "Boy From Heaven". O longa é um thriller político-religioso sobre disputas políticas e religiosas na maior universidade do país. Tarik Saleh dedicou o prêmio aos jovens egípcios.

Dois prêmios ex aequo

Dois filmes receberam ex aequo o Prêmio do Júri:"Le Otto Montagne", dos belgasCharlotte Vandermeersch e Felix Van Groeningen, e "EO", do veterano cineasta polonês Jerzy Skolimowski, que se inspirou de um filme clássico francês de 1966 para contar a vida e a morte de um asno.

Decididamente, o júri presidido por Vincent Lindon teve dificuldades em escolher e concedeu um segundo prêmio ex aequo. "Close", do jovem diretor belga Lukas Dhont, dividiu o Grande Prêmio com a veterana cineasta francesa, Claire Denis, por "Stars at Noon". O longa de Claire Denis, que se passa na Nicarágua, também polarizou a crítica em Cannes.

Para marcar este aniversário de 75 anos do Festival o júri deu um prêmio especial para os veteranos diretores Jean-Pierre e Luc Dardenne que concorreram com "Tori e Lokita". Foi o nono filme dos irmãos belgas selecionado em Cannes. Eles já ganharam a Palma de Ouro duas vezes.

Outro cineasta já recompensado em Cannes levou o prêmio de Melhor Direção, o sul-coreano Park Chan-wook. Ele apresentou este ano o excelente "Decision to Leave" (algo como decisão de ir embora) que mistura os gêneros policial e drama para explorar a relação complexa entre um delegado de polícia e sua principal suspeita. Em 2004, Park Chan-wook venceu o Grande Prêmio, com "Old Boy" e em 2009, o Prêmio do Júri, com "Isto é o meu sangue".

Filme codirigido por Neta de Elvis Presley vence Câmara de Ouro

A primeira Palma de Ouro do dia foi dada ao melhor curta-metragem da seleção oficial. Ela premiou a chinesa Jianyig Chen por "The Water Murmurs". Um filme apocalíptico "magnífico", de acordo com o júri.

O americano "War Pony", de Gina Gammel e Riley Keough, neta de Elvis Presley, levou a Câmara de Ouro, que recompensa um primeiro longa-metragem e jovens talentos da seleção. O prêmio foi entregue pela exuberante atriz espanhola Rossy de Palma, presidente do júri Câmara de Ouro.

Prêmio do ecumênico do público recompensou "Broker", de Hirokazu Kore-eda, diretor japonês vencedor da Palma de Ouro em 2017 com "Assunto de Familia". O grande ausente da premiação neste 75° Festival de Cannes foi "Armaggedon Time", do americano James Gray, produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, que era citado por vários críticos como favorito.