Essa tragédia nos faz reviver tudo, diz tutor de cão morto em voo em 2021

O tutor de um cachorro morto durante voo da Latam, entre São Paulo e Sergipe, em 2021, ainda briga na Justiça por indenização. Em entrevista ao UOL, ele conta que a morte do golden retriever Joca, em um voo da Gol na segunda-feira (22), traz as lembranças a tona. "Parece que revivemos tudo que passou", disse.

O que aconteceu

O engenheiro civil Giuliano Conte, de 31 anos, era tutor de Weiser. O cachorro era da raça American Bully e morreu em outubro de 2021, durante viagem num avião de carga da Latam.

O caso foi parar na Justiça. A defesa de Giuliano entrou com pedido de indenização por danos materiais e morais contra a companhia aérea. O juiz fixou a indenização em R$ 10 mil, que foram depositados pela Latam em juízo, mas a defesa recorreu para conseguir a condenação em R$ 50 mil.

Entendemos que a indenização jamais compensaria o sofrimento dos tutores do Weiser, mas a punição da Latam se faz necessária, pois agiram de forma completamente irresponsável no transporte do Weiser, e esse episódio não pode ser repetido
Defesa de Giuliano Conte, em nota

A defesa diz ainda que a Latam nunca se responsabilizou pelo caso. E que a empresa chegou a argumentar que a morte foi por uma condição natural de cachorros de porte grande. "[O argumento] foi rechaçado pelo magistrado ante as provas produzidas", informou.

O que diz a Latam Brasil. Procurada, a empresa informou que, em 2021, suspendeu por dois meses a venda de transportes de animais de estimação "para aprimorar a sua política e implementar novas restrições e protocolos para a prestação desse serviço". Em 2024, descartou a exigência de peso máximo de até sete quilos para animais na cabine dos aviões.

Agora, todos os pets podem embarcar na cabine desde que consigam ficar em pé e se movimentar naturalmente sem tocar as paredes ou o teto de uma bolsa ou caixa de transporte com até 25 cm de altura, 28 cm de largura e 40 cm de comprimento
Latam Brasil, em nota

Na segunda-feira (22), um cão morreu durante uma falha no transporte aéreo da Gollog, empresa da companhia aérea Gol. Chamado de Joca e da raça golden retriever, o cachorro deveria ser levado do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) para Sinop (MT), onde seu tutor o aguardava, mas foi parar em Fortaleza. Após a constatação do erro no destino, ele retornou a Guarulhos, mas chegou morto.

Relembre o caso de Weiser

"Falar sobre o Weiser é sempre delicado para mim", disse Giuliano. "Era o nosso companheiro. Nós sentimos muito quando continuamos vendo tragédias como essas acontecendo. Parece que revivemos tudo que passou, infelizmente".

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No caso do cachorro de Giuliano, foi uma viagem entre São Paulo e Aracaju, onde ele morava. O engenheiro estava acostumado a viajar com a esposa e o cachorro no mesmo voo. Usava sempre a mesma caixa. O animal estava adaptado e tinha liberação do veterinário. "Nunca teve problema", relembra.

Ao embarcar, Giuliano foi avisado que o animal não poderia viajar daquela forma. A Latam exigiu uma nova caixa, passou as especificações, e informou que Weiser deveria viajar em um voo de carga. "Ele ficou com a minha mãe em São Paulo até eu conseguir mandar produzir essa caixa. A Latam olhou [a caixa], autorizou e falou que ele poderia embarcar pela Latam Cargo".

Foto mostra caixa onde cachorro foi transportado
Foto mostra caixa onde cachorro foi transportado Imagem: Reprodução

"Pediram para ele chegar ao aeroporto às 8 horas da manhã, sendo que o voo era ao meio-dia", disse. Depois do embarque, seriam mais duas horas e meia de viagem até o destino. Giuliano conta que o cão não comeu, nem bebeu durante todo esse tempo. Ao chegar ao aeroporto em Aracaju para buscar o animal, foi avisado sobre a morte.

"Alegaram que não tinha sido culpa deles. É uma coisa absurda de ouvir depois de uma tragédia dessa", disse. "Pelo que aponta o laudo, ele se asfixiou com um pedaço da caixa. É o que eles alegaram. Mas a caixa era a que eles exigiram. A que ele estava acostumado a viajar, no mínimo, umas dez vezes, nunca teve problema nenhum".

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