Paris e Montreal assinam manifesto que exige "mobilização geral" para combater mudança climática
Dezenas de prefeitos reunidos neste sábado (2) em Abidjan, na Costa do Marfim, fizeram um apelo por uma "mobilização geral" para combater a mudança climática, que eles afirmam afetá-los particularmente. Considerados "os territórios mais vulneráveis diante da mudança climática e maiores emissores de gases de efeito estufa, as cidades também estão na linha de frente na proteção de suas populações e da saúde de seus habitantes", diz o "Manifesto de Abidjan" sobre o clima.
O documento é assinado pelos dirigentes que participaram do que chamaram de "primeira COP das Cidades". O evento foi organizado pela Associação Internacional de Prefeitos Francófonos, presidida pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Eles "reafirmam juntos a necessidade absoluta para suas populações de uma ação climática concreta, que antecipe os choques e atenda às necessidades sociais cada vez maiores".
Os assinantes do manifesto defendem "uma mobilização geral para construir sociedades ecológicas e solidárias". Eles se comprometem "a acelerar sua cooperação descentralizada no âmbito de acordos entre municípios, ou por intermédio dos programas e das redes que integram, de forma que as ações sejam 100% compatíveis" com o Acordo de Paris sobre o clima. Assinado em 2015, o pacto prevê a limitação do aquecimento global até o final do século.
Os prefeitos reunidos em Abidjan se comprometem a "assegurar que todos os projetos financiados (pelas respectivas prefeituras) apresentem benefícios para o clima". Eles prometem "publicar regularmente os resultados de seus progressos e apresentá-los no dia reservado às cidades na COP27".
A COP (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática) é o encontro anual em que os países se reúnem para estabelecer metas climáticas globais. A próxima COP27 está programada para acontecer em Sharm el-Sheikh, no Egito, em novembro.
Os signatários do manifesto de Abidjan pedem "aos Estados que reconheçam o papel importante e indispensável das cidades na implementação do desenvolvimento econômico sustentável" e "que aumentem significativamente os orçamentos nacionais de apoio aos investimentos municipais favoráveis ao clima". Eles ainda exigem o aumento da ajuda internacional e que os bancos centrais e de desenvolvimento "facilitem o acesso direto ao financiamento para os projetos de clima e biodiversidade das cidades".
Repensar os espaços urbanos
Entre os municípios que apoiam o manifesto estão Paris, Abidjan, Niamey, capital do Níger, e Montreal, no Canadá. Em uma intervenção no evento, Monique Olivier, presidente do comitê executivo de Montreal, recordou que a população das cidades poderá aumentar em "15% até 2050". Segundo ela, "devemos ser capazes de repensar os espaços urbanos", levando em conta as dimensões "ecológica, econômica e social", em coordenação com os representantes eleitos e os cidadãos".
Em Abidjan, os prefeitos participantes do encontro puderam ver os estragos causados pelos temporais que atingiram a cidade nos últimos dez dias, provocando graves inundações. O continente africano é responsável por apenas 4% das emissões de gases do efeito estufa e tem exigido mais solidariedade dos países do Norte, historicamente os maiores poluidores do planeta.
Com informações da AFP
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