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Paris e Montreal assinam manifesto que exige "mobilização geral" para combater mudança climática

02/07/2022 14h47

Dezenas de prefeitos reunidos neste sábado (2) em Abidjan, na Costa do Marfim, fizeram um apelo por uma "mobilização geral" para combater a mudança climática, que eles afirmam afetá-los particularmente. Considerados "os territórios mais vulneráveis diante da mudança climática e maiores emissores de gases de efeito estufa, as cidades também estão na linha de frente na proteção de suas populações e da saúde de seus habitantes", diz o "Manifesto de Abidjan" sobre o clima.

O documento é assinado pelos dirigentes que participaram do que chamaram de "primeira COP das Cidades". O evento foi organizado pela Associação Internacional de Prefeitos Francófonos, presidida pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Eles "reafirmam juntos a necessidade absoluta para suas populações de uma ação climática concreta, que antecipe os choques e atenda às necessidades sociais cada vez maiores". 

Os assinantes do manifesto defendem "uma mobilização geral para construir sociedades ecológicas e solidárias". Eles se comprometem "a acelerar sua cooperação descentralizada no âmbito de acordos entre municípios, ou por intermédio dos programas e das redes que integram, de forma que as ações sejam 100% compatíveis" com o Acordo de Paris sobre o clima. Assinado em 2015, o pacto prevê a limitação do aquecimento global até o final do século. 

Os prefeitos reunidos em Abidjan se comprometem a "assegurar que todos os projetos financiados (pelas respectivas prefeituras) apresentem benefícios para o clima". Eles prometem "publicar regularmente os resultados de seus progressos e apresentá-los no dia reservado às cidades na COP27".

A COP (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática) é o encontro anual em que os países se reúnem para estabelecer metas climáticas globais. A próxima COP27 está programada para acontecer em Sharm el-Sheikh, no Egito, em novembro.

Os signatários do manifesto de Abidjan pedem "aos Estados que reconheçam o papel importante e indispensável das cidades na implementação do desenvolvimento econômico sustentável" e "que aumentem significativamente os orçamentos nacionais de apoio aos investimentos municipais favoráveis ao clima". Eles ainda exigem o aumento da ajuda internacional e que os bancos centrais e de desenvolvimento "facilitem o acesso direto ao financiamento para os projetos de clima e biodiversidade das cidades".

Repensar os espaços urbanos

Entre os municípios que apoiam o manifesto estão Paris, Abidjan, Niamey, capital do Níger, e Montreal, no Canadá. Em uma intervenção no evento, Monique Olivier, presidente do comitê executivo de Montreal, recordou que a população das cidades poderá aumentar em "15% até 2050". Segundo ela, "devemos ser capazes de repensar os espaços urbanos", levando em conta as dimensões "ecológica, econômica e social", em coordenação com os representantes eleitos e os cidadãos".

Em Abidjan, os prefeitos participantes do encontro puderam ver os estragos causados pelos temporais que atingiram a cidade nos últimos dez dias, provocando graves inundações. O continente africano é responsável por apenas 4% das emissões de gases do efeito estufa e tem exigido mais solidariedade dos países do Norte, historicamente os maiores poluidores do planeta. 

Com informações da AFP