França: greves perturbam tráfego aéreo e levam passageiros a chegar a pé em aeroporto de Paris
Ferrovias bloqueadas, trânsito interrompido, voos cancelados: no nono dia de greves contra a reforma da Previdência na França, os transtornos causados pelos protestos aumentam nesta quinta-feira (23), um dia depois de o presidente Emmanuel Macron fazer comentários que inflaram ainda mais as ruas contra o governo. No principal aeroporto francês, passageiros foram obrigados a deslocar a pé até o terminal de embarque, já que o acesso aos carros ter sido bloqueado pelos manifestantes.
A greve de controladores aéreos leva ao cancelamento de 20 a 30% dos voos previstos nesta quinta e sexta-feiras, principalmente nos trajetos mais curtos, mas as conexões devem ser confirmadas pelos passageiros. "Apesar das medidas preventivas, atrasos e perturbações não estão descartados", advertiu a Direção da Aviação Civil, em um comunicado.
O órgão pede aos passageiros que adiem as viagens se for possível e se "informem sobre a situação dos voos" antes do embarque. Os distúrbios devem se estender até sábado no aeroporto de Orly, ao sul da capital.
Algumas dezenas de manifestantes invadiram o aeroporto de Roissy-Charles de Gaulle nesta manhã, bloqueando o acesso ao terminal 1 por uma hora. O ato levou à formação de um congestionamento de cerca de dois quilômetros no local. Empurrando suas malas, passageiros seguiram a pé pela estrada que dá acesso ao local.
"Não temos escolha a não ser a greve e bloquear a economia até que Macron ceda e retire o seu projeto", declarou o secretário-geral do sindicato Força Operária (FO) dos Aeroportos de Paris, Fabrice Criquet.
A situação é agravada pelo risco de desabastecimento de querosene, que "está se tornando crítico" na região parisiense devido a greves nas refinarias, disse o Ministério da Transição Energética. O governo "emitiu uma ordem de requisição" contra os grevistas da refinaria TotalEnergies, na Normandia, que foi fechada no fim de semana passado e onde os embarques de combustível estão bloqueados.
Trilhos invadidos
Também no transporte ferroviário o dia é de perturbações. Apenas metade dos trens de alta velocidade e um terço dos regionais circulam, enquanto o metrô parisiense tem um dia de atrasos e linhas fechadas. Os trilhos da Gare de Lyon, em Paris, também foram invadidos por centenas de manifestantes, que interromperam a circulação dos trens que partiam ou chegavam do interior do país.
Em Quimper, manifestantes bloquearam o acesso à estação e ocuparam os trilhos durante a madrugada. As estações de ônibus também foram bloqueadas por manifestantes em Rennes, Saint-Brieuc e Evreux.
Este dia é o primeiro dia de greve nacional após a aprovação do projeto de lei, por meio da controversa ferramenta constitucional de 49.3. O instrumento, utilizado quando o Executivo não tem certeza da aprovação de um projeto pelos deputados, foi reivindicado pela primeira-ministra Élisabeth Borne na semana passada, na Assembleia.
"Uma negação da democracia e um desprezo pelo povo", para Clélia Megoz, uma professora de 24 anos que se manifestou na manhã desta quinta-feira em Clermont-Ferrand, acreditando que "o governo conseguiu unir todos contra ele".
Macron irredutível
As críticas dirigem-se sobretudo ao presidente da República, que "sente prazer em jogar lenha na fogueira" segundo Hugues Lecat, 49 anos, em um protesto na zona industrial de Amiens-Nord. "Se ele não nos ouvir, vamos mais longe."
Emmanuel Macron não cedeu na sua determinação em implementar a reforma no segundo semestre, reafirmando na quarta-feira que as mudanças eram"necessárias", qualificando os autores da violência de "facciosos" e atacando os sindicatos, acusados ??de não terem se esforçado para "um compromisso".
Em todo o país, a polícia espera "entre 600 e 800 mil pessoas em cerca de 320 ações" de protesto, incluindo 40 a 70 mil manifestantes em Paris.
Com informações da AFP e Reuters
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